A promessa do governo federal é de que Pernambuco voltará a receber investimentos pesados para ampliar, duplicar e requalificar a malha rodoviária federal que corta o Estado. Em visita nesta sexta-feira (19/5), o ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou a retomada e o início de projetos fundamentais para o desenvolvimento econômico e a mobilidade urbana da região, que vão totalizar, em um ano, a quantia de R$ 1 bilhão.
Sem poupar críticas à inércia e aos poucos investimentos feitos em Pernambuco pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, Renan Filho afirmou que os projetos do Estado voltarão a ter prioridade no governo federal.
“Pernambuco não recebeu a devida atenção da União nesses últimos anos. Para se ter ideia, o Estado recebeu apenas R$ 188 milhões em investimentos de infraestrutura em 2022. Mas isso mudou. Em 2023 vamos investir, no mínimo, R$ 577 milhões, o que já representa 2,5 vezes mais investimentos”, garantiu.
“Queremos que esses valores se aproximem de R$ 1 bilhão por ano em investimentos no Estado. É o valor necessário para adequar a malha rodoviária às necessidades de manutenção e ampliação”, afirmou em entrevista à TV Globo.
O governo federal vai retomar a gestão da rodovia BR-232, nos 130 quilômetros duplicados entre o Recife e Caruaru, no Agreste pernambucano, e investirá R$ 300 milhões para restaurar o trecho.
A rodovia encontra-se completamente degradada e está sob controle do governo de Pernambuco desde 2000, quando a duplicação foi iniciada com recursos da venda da antiga Celpe.
Pelo convênio firmado na época, o Estado deveria responder pela rodovia até 2027, mas, segundo o ministro, a deterioração do trecho foi tão grande que a gestão estadual está pedindo para devolvê-la.
“O governo federal voltará a assumir a BR-232, atendendo a pedido do governo de Pernambuco. Estamos apenas fazendo arrumações administrativas porque o TCU (Tribunal de Contas da União) fez ponderações porque ela não recebeu a devida manutenção nesses últimos anos. E, ao recebê-la, o governo federal terá que investir R$ 300 milhões para deixá-la em melhores condições de tráfego”, explicou Renan Filho.
O ministro também afirmou que o governo federal está analisando a duplicação da BR-232 entre São Caetano, no Agreste, e Arcoverde, na entrada do sertão pernambucano, projeto sonhado pelos pernambucanos há muitos anos. “Sabemos da importância dele para aproximar as regiões”, disse.
O ministro dos Transportes também confirmou a duplicação da BR-423 entre os municípios de São Caetano e Garanhuns, no Agreste pernambucano. “Estamos dependendo apenas de uma licença ambiental da CPRH (Agência Estadual de Meio Ambiente) para iniciar o primeiro lote, que vai de São Caetano a Lajedo. Serão investidos R$ 225 milhões no projeto, recursos já garantidos no orçamento”, afirmou.
O governo do Estado informou que, diante do compromisso da governadora Raquel Lyra de correr com o projeto, a CPRH publicou nesta sexta-feira o EIA-RIMA - o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) - da duplicação da BR-423, apresentado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Assim, a previsão é de que seja realizada uma audiência pública em junho e, ainda no início do segundo semestre, as obras do primeiro trecho comecem.
Problemas nas BRs 232 e 104 geram preocupação para condutores
Renan Filho destacou que a obra, além de fundamental para integrar o Agreste pernambucano, é querida pelo presidente Lula, que tem muito interesse em avançar com o projeto por fazer parte da região onde nasceu - Lula é do município de Caetés, localizado na região.
A duplicação da BR-104, rodovia que corta boa parte do Nordeste (Alagoas, Pernambuco, Paraíba e parte do Rio Grande do Norte), também será retomada em breve no Estado, segundo o ministro dos Transportes.
Um trecho de aproximadamente 10 quilômetros da rodovia segue sem duplicação entre os municípios de Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, inclusive provocando congestionamentos e sinistros de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define. Entenda) na região.
As obras de duplicação, de responsabilidade do governo de Pernambuco, foram paralisadas há quase dez anos. Segundo Renan Filho, a conclusão da duplicação custará R$ 106 milhões e será realizada em parceria com o governo federal.
“A BR-104 é mais uma que tem convênio firmado entre os governos federal e o estadual. O Estado relicitou essa obra e faltam R$ 106 milhões para concluí-la. Estamos apenas aguardando uma nova prestação de contas para retomá-la. Temos R$ 50 milhões garantidos no orçamento para ela e os R$ 56 milhões restantes serão investidos pelo governo de Pernambuco”, afirmou.
“Assim que a nova prestação de contas for feita iremos liberar a autorização dos novos recursos para finalizar esse pequeno trecho. Até porque a intenção do presidente Lula é duplicar a BR-104 em todo o Nordeste. Sabemos da importância da rodovia para a região e a interiorização do desenvolvimento”, disse.
Outra boa notícia que o ministro dos Transportes deu a Pernambuco foi que o governo federal vai assumir parte das obras do chamado Arco Metropolitano, corredor rodoviário metropolitano que seria alternativa ao grande volume de veículos pesados que circulam no contorno urbano da BR-101 na Região Metropolitana do Recife.
Segundo o ministro, a União irá executar o trecho Sul do projeto, entre o Cabo de Santo Agostinho e Paudalho, definido como Lote 2. Enquanto que o governo de Pernambuco ficará com o segundo trecho (Lote 1), que liga Paudalho a Goiana (Mata Norte do Estado) e é o mais polêmico porque corta a área de proteção ambiental Aldeia-Beberibe (APA Beberibe).
“É mais uma grande obra a ser feita em Pernambuco, orçada em R$ 1,5 bilhão. Estamos conversando com a governadora Raquel Lyra exatamente para acertar que iremos assumir um dos trechos. Assim, o governo estadual terá tempo para se preparar e resolver o traçado até Goiana”, afirmou Renan Filho.