As constantes quebras do Metrô do Recife fizeram a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Recife se posicionar sobre a situação do sistema metropolitano, que só definha e perde passageiros a olhos vistos. Segundo a superintendente do metrô, Marcela Campos, com R$ 1,7 bilhão seria possível acabar com as quebras do metrô e reerguê-lo para uma operação mais confiável.
Segundo a CBTU Recife, um documento propondo e orçando melhorias para o Metrô do Recife foi entregue ao Ministério das Cidades para ser executado num prazo de quatro anos. O documento resume as necessidades urgentes para melhoria, modernização e, principalmente, segurança operacional do sistema metropolitano.
O projeto é dividido em quatro pilares, que seriam executados em quatro anos. E teriam valores estimados em R$ 866 milhões em investimentos diretos no sistema, e mais R$ 900 milhões para aquisição de uma nova frota de trens para substituir a antiga, com mais de 40 anos de operação.
No posicionamento, a CBTU lamenta os transtornos provocados aos passageiros pelas constantes quebras e reforça que os profissionais da companhia lutam constantemente e diariamente por investimentos para o Metrô do Recife.
Lembra, ainda, que há algumas ações administrativas emergenciais para acontecerem ainda este ano, resultado de investimentos que estão sendo conquistados junto ao governo federal. “Ontem (terça-feira, 25/6), recebemos mais uma boa notícia que, se as licitações forem concluídas no próximo semestre, poderemos contar com um aditivo que deixará os investimentos próximos a R$ 200 milhões, o que será bem próximo ao valor estimado para o primeiro ano do planejamento”, diz a CBTU.
CONFIRA O POSICIONAMENTO NA ÍNTEGRA
“A CBTU Recife lamenta os transtornos causados pelos problemas ocorridos em nosso sistema nas últimas semanas e esclarece que vem numa constante luta pela busca de investimentos e, principalmente, da garantia da operação comercial.
É público as dificuldades enfrentadas pela Companhia nos últimos anos, o que levou a um acúmulo de problemas. Um sistema que tem 40 anos de operação e que nunca passou por uma modernização.
Desde o ano passado, no início do novo governo Lula, apresentamos um documento ao Ministério das Cidades com as necessidades urgentes para melhorias, modernização e, principalmente, segurança operacional com confiabilidade do sistema. Esse projeto é dividido em 4 pilares, para ser executado em 4 anos, num valor estimado em R$ 866 milhões + R$ 900 milhões para aquisição da nova frota que substituirá a antiga.
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Desse montante, no início de 2024 só tínhamos R$ 30 milhões aprovados, mas há algumas semanas recebemos o aceno de inclusão no PAC de um investimento de R$ 136 milhões para a primeira etapa do projeto, que seria de R$ 252 milhões. E, ontem (terça-feira (25), recebemos mais uma boa notícia de que, se as licitações forem concluídas no próximo semestre, poderemos contar com um aditivo que deixará os investimentos próximos a R$ 200 milhões, o que será bem próximo ao estimado do primeiro ano do planejamento.
Só esclarecemos que o material ferroviário não é produto de prateleira e que as aquisições na sua maioria envolvem muito tempo na entrega, pois são compras específicas e, às vezes, internacionais. E que o trabalho da manutenção tem que ser realizado em janelas noturnas para não paralisar a operação comercial, o que leva muito mais tempo na execução.
Estão previstas as licitações dentro desse primeiro lote de investimentos:
- Troca de trilhos e dormentes (para retirada de restrições de velocidades e segurança operacional);
- Modernização de subestações de energia (para melhoria da rede aérea e redução de riscos de curtos que vêm ocorrendo com frequência);
- Primeira fase de melhoria de cobertas de algumas estações;
- Modernização do sistema de sonorização (para que os usuários tenham melhores informações sobre o sistema);
- Compra de máquinas especiais para manutenção de via (para agilizar o trabalho em caso de ações corretivas ou preventivas).
QUEBRAS CONSTANTES NO METRÔ DO RECIFE
Foram pelo menos três paralisações em pouco mais de uma semana no Metrô do Recife. A mais recente, na terça, quando uma composição quebrou, afetando o Ramal Jaboatão da Linha Centro. Falhas que comprometeram mais de 24 horas de operação, vale ressaltar. Esse é o cenário do sistema metropolitano sobre trilhos, que atende a 180 mil pessoas por dia na Região Metropolitana do Recife.
Usar o sistema, que hoje tem uma tarifa mais cara do que a dos ônibus - R$ 4,25 -, é um martírio. Além das quebras, os trens operam lotados nos horários de pico devido à frota reduzida. Os intervalos chegam a 20 minutos mesmo no pico, o que é inaceitável para um sistema metroviário e de alta demanda.
A Linha Centro vem operando com apenas 8 ou 9 trens, mesmo no pico. Tem, ao total, 12 composições. Já a Linha Sul opera com ainda menos: 6 a 7 trens no pico.
Confira algumas das últimas panes do Metrô do Recife:
20 de junho de 2024: a Linha Centro do metrô ficou sem funcionar por dois dias consecutivos. O problema foi provocado por uma queda de energia elétrica após um transformador explodir, afetando os dois ramais da Linha Centro: Camaragibe e Jaboatão.
18 de junho de 2024: A Linha Sul do Metrô do Recife parou de funcionar por causa de um problema na rede aérea entre as estações Imbiribeira e Largo da Paz, na Zona Sul do Recife;
10 de junho de 2024: Todas as estações da Linha Centro amanheceram fechadas por causa de um problema na rede elétrica;
14 de abril de 2024: A linha Sul parou de funcionar por um dia após um trem quebrar e causar um problema na rede elétrica do sistema;
11 de março de 2024: Todas as estações da Linha Sul do Metrô do Recife amanheceram fechadas por causa de um problema na rede de energia;
25 de dezembro de 2023: A Linha Sul não operou por dois dias seguidos, pois um problema na rede elétrica fez com que os trens precisassem de reparos;
26 de novembro de 2023: Passageiros precisaram descer no meio dos trilhos, próximo da Estação Prazeres, por conta de outro problema na rede de energia;
02 de agosto de 2023: Metroviários iniciaram uma greve reivindicando, entre outros pontos, a reestruturação do Metrô do Recife. A operação foi impactada por 25 dias;
20 de junho de 2023: Fios da rede elétrica se romperam e pegaram fogo, suspendendo toda a operação da Linha Centro por um dia.