Uber e 99 Moto: transporte com motos apresenta muitos riscos para os passageiros, alertam especialistas
Transporte de passageiros com motos é ainda mais perigoso quando usado em rodovias. Modalidade não é regulamentada em muitas cidades do País
A pressa em chegar ao trabalho ou ao compromisso marcado, ou a necessidade em economizar dinheiro para se deslocar poderá custar muito caro para quem opta pelas viagens oferecidas pelos aplicativos de transporte com motos, como Uber e 99 Moto.
O alerta é feito por especialistas em segurança viária e mobilidade urbana. E se o trajeto do deslocamento incluir rodovias - federais e até mesmo estaduais, onde o volume de tráfego de veículos é maior -, o risco é potencializado. Pelo menos no caso do Grande Recife, as últimas mortes de motoqueiros e passageiros dos aplicativos com motos aconteceram em BRs.
“O comportamento inadequado do piloto, como atravessar no sinal vermelho, circular na contramão, fazer conversões proibidas e andar em velocidade excessiva para as condições locais aumenta a probabilidade de sinistros de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define, segundo a ABNT) , que frequentemente são de grande gravidade”, alerta o superintendente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Luiz Carlos Néspoli.
“As estatísticas brasileiras mostram exatamente isso. Se a moto ainda é usada para transporte de pessoas na forma de táxi (ou aplicativo), esse risco aumenta. Não há dúvidas. Por isso, e mediante os índices que conhecemos bem, a ANTP não recomenda o uso do serviço pela população”, reforça.
PASSAGEIRO DE MOTO PRECISA SER CO-PILOTO E COMPORTAMENTO PODE PROVOCAR QUEDAS
Néspoli reforça, ainda, que o comportamento dos passageiros pode influenciar diretamente nas quedas e colisões envolvendo os apps de motos. “O carona deve funcionar como um espelho do piloto e seguir os seus movimentos, em especial nas curvas. Deve segurar com firmeza na alça traseira ou na cintura do condutor, manter pernas e joelhos alinhados com o quadril e pernas do piloto, firmar bem os pés nas pedaleiras e ficar com a coluna ereta”, ensina.
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Para, em seguida, constatar e alertar: “Mas os passageiros de mototáxi, assim como boa parte da população, não são habituados a serem caronas em motos, não são treinados e não sabem como se comportar como carona. Seu comportamento inadequado compromete o equilíbrio da moto e pode favorecer sinistros. Por essa razão, entendemos que é desaconselhável o uso da motocicleta como veículo para transporte remunerado de pessoas”, reforça Néspoli.
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A Polícia Rodoviária Federal (PRF) é uma das instituições que também reforçam o alerta sobre o perigo da má condução de motos, principalmente em rodovias. “A circulação de motocicletas em rodovias, assim como a dos demais veículos, acaba sendo mais perigosa em razão da maior velocidade estabelecida para esse tipo de via e também porque por elas é comum que transitem maior número de veículos pesados”, destaca.
PLATAFORMAS USAM A LEGISLAÇÃO COMO DISCURSO
Oficialmente, as plataformas usam a legislação nacional para justificar a operação do serviço com motos. Alegam que os aplicativos têm autorização legal para atuar em todo o território nacional e que o serviço com motos não é a mesma coisa que o mototáxi, esse sim um serviço de transporte público.
E que, nas cidades, o que pode ocorrer é a criação de regulamentações para definir regras operacionais e de fiscalização, por exemplo, mas nunca a proibição do serviço. Além disso, alegam que, pela legislação federal, o serviço de transporte de passageiros pode ser feito por carro ou moto, já que não é especificado o tipo de modal
Em posicionamentos oficiais, a Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia), representante do setor de mobilidade por aplicativos, afirma que “o transporte de passageiros por motocicletas intermediado por plataformas digitais é uma atividade privada, legal, regida pela Política Nacional de Mobilidade Urbana, e sustentada pela Lei Federal número 13.640”.