Trânsito, transportes e mobilidade urbana, com Roberta Soares

Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
TRANSPORTE PÚBLICO

Greve de ônibus: Grande Recife enfrenta mais uma greve de motoristas de ônibus nesta segunda-feira

A paralisação dos ônibus prejudicará 1,6 milhão de passageiros. O Estado quer a oferta de 70% da frota das 5h às 9h e de 50% no restante do dia

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Roberta Soares

Publicado em 12/08/2024 às 6:00
A segunda-feira promete ser de muito sufoco para os mais de 1,6 milhão de passageiros que dependem diariamente dos ônibus na RMR - JAILTON JR./JC IMAGEM

A Região Metropolitana do Recife enfrenta mais uma greve dos motoristas de ônibus a partir desta segunda-feira (12/8). A paralisação, aprovada pelos rodoviários após diversas assembleias volantes, foi anunciada desde a quarta-feira (7/8) e deverá prejudicar o deslocamento de mais de 1,6 milhão de passageiros que dependem diariamente dos ônibus no Grande Recife.

Para tentar minimizar os impactos para a população, o governo de Pernambuco, via Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), determinou na sexta-feira (9) que a categoria garanta a prestação mínima do serviço de transporte público nas ruas da Região Metropolitana do Recife. O Estado quer que seja mantida a oferta de 70% da frota de ônibus nos horários de pico (das 5h às 9h) e de 50% no restante dos horários.

Pelo cálculo da frota de coletivos programada para o mês de agosto, seria o equivalente a estar em operação 1.558 ônibus nos horário de pico (70% da frota) e 1.113 ônibus no fora pico (50% da frota). O documento foi enviado nesta quinta-feira (8) ao Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco e é assinado pelo presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), Matheus Freitas.

Não se tem garantia alguma, entretanto, de que a determinação do governo será cumprida pelos rodoviários. Por isso, a população deve se organizar para tentar minimizar o impacto do movimento nesta segunda.

CONFIRA A FROTA QUE DEVERÁ ESTAR EM OPERAÇÃO DURANTE A GREVE DOS MOTORISTAS, SEGUNDO DETERMINAÇÃO DO ESTADO

Os motoristas também fazem críticas à governadora Raquel Lyra por não ter dialogado com a categoria até agora e usam o repasse de subsídios públicos para o setor de transporte - mais de R$ 350 milhões - como munição para as críticas - JAILTON JR./JC IMAGEM

BORBOREMA - 243 ônibus nos picos (70% da frota) e 174 ônibus no fora pico (50% da frota)

CAXANGÁ - 222 ônibus nos picos (70% da frota) e 159 ônibus no fora pico (50% da frota)

CONSÓRCIO CONORTE - 307 ônibus nos picos (70% da frota) e 220 ônibus no fora pico (50% da frota)

CONSÓRCIO RECIFE - 125 ônibus nos picos (70% da frota) e 89 ônibus no fora pico (50% da frota)

EMPRESA METROPOLITANA - 207 ônibus nos picos (70% da frota) e 148 ônibus no fora pico (50% da frota)

GLOBO - 89 ônibus nos picos (70% da frota) e 64 ônibus no fora pico (50% da frota)

MOBIBRASIL - 216 ônibus nos picos (70% da frota) e 154 ônibus no fora pico (50% da frota)

SÃO JUDAS TADEU - 69 ônibus nos picos (70% da frota) e 50 ônibus no fora pico (50% da frota)

VIAÇÃO MIRIM - 13 ônibus nos picos (70% da frota) e 10 ônibus no fora pico (50% da frota)

VERA CRUZ - 67 ônibus nos picos (70% da frota) e 48 ônibus no fora pico (50% da frota)

TOTAL EM OPERAÇÃO DURANTE A GREVE - 1.558 ônibus nos picos (70% da frota) e 1.113 ônibus no fora pico (50% da frota)

No documento, o CTM determina que, diante da anunciada greve para o dia 12, é necessário garantir o pleno funcionamento do Sistema de Transporte Público e Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR), já que trata-se de um serviço público essencial à população.

Matheus Freitas cita a Lei Federal 7.783 de 1989 (Lei das Greves) e a Constituição Federal, em seu Artigo 37, inciso VII, que embora valide o direito à greve, exige a plena legalidade para o ato. “Embora o exercício de greve seja garantia fundamental, só é possível invocar a referida proteção constitucional quando o exercício do direito é revestido de legalidade. E, considerando o caráter essencial da prestação do serviço de transporte público, é indispensável garantir a continuidade da prestação do serviço na RMR”, argumenta no documento.

MOTORISTAS APROVARAM GREVE APÓS ASSEMBLEIAS VOLANTES

Após diversas assembleias volantes realizadas por mais de uma semana nas garagens das empresas de ônibus, os rodoviários rejeitaram a proposta da Urbana-PE (Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco) e autorizaram a realização de uma greve geral da categoria a partir do dia 12/8.

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Segundo o Sindicato dos Rodoviários do Recife e RMR, mais mil trabalhadores aprovaram a deflagração da greve. A categoria não aceitou a proposta de reajuste salarial e também segue exigindo um plano de saúde. Os rodoviários pedem um aumento salarial de 9,6% (inflação + 5% de ganho real), mas a Urbana-PE ofereceu 5,1% (inflação + 0,5% de ganho real).

O sindicato diz que 88% dos motoristas rejeitaram a proposta dos empresários e aprovaram o início da greve. “Esse movimento paredista é, antes de tudo, um movimento por respeito e dignidade”, afirmou Aldo Lima, presidente do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, em entrevistas à imprensa.

Os rodoviários afirmam ter tentado avançar com as negociações e, principalmente, envolver o governo de Pernambuco no processo, sem sucesso. A categoria também critica o valor de R$ 400 para o vale-alimentação, o abono de R$180 pela dupla função dos motoristas e o controle de horas de trabalho através do GPS.

“O plano de saúde e o fim do controle por GPS são os dois pontos inegociáveis para a categoria. Com esse ponto por GPS, o motorista está pagando para ir ao banheiro ou beber água entre uma viagem e outra. É desumano. E o plano de saúde é algo muito necessário para a categoria”, reforçou.

CRÍTICAS AO GOVERNO DE PERNAMBUCO POR NÃO SE ENVOLVER NO PROBLEMA

Os motoristas também fazem críticas à governadora Raquel Lyra por não ter dialogado com a categoria até agora e usam o repasse de subsídios públicos para o setor de transporte - mais de R$ 350 milhões - como munição para as críticas. “Para ajudar os motoristas não há dinheiro, mas o subsídio público está sendo destinado aos empresários”, criticam.

 

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