Novo Bike PE: Prefeitura do Recife vai criar sistema municipal de bicicletas compartilhadas
A gestão municipal abriu consulta pública para criação de um sistema municipal de bicicletas compartilhadas. Audiência pública já tem data marcada
A Prefeitura do Recife vai lançar, em breve, a versão municipal do Bike PE, sistema de compartilhamento de bicicletas públicas que desde 2011 é patrocinado pelo banco Itaú e tem gestão estadual.
A Secretaria Executiva de Parcerias Estratégicas do Recife, através do Conselho Gestor de Parcerias Estratégicas, abriu consulta pública para coletar contribuições da sociedade civil para aprimorar uma futura proposta de concessão do novo serviço. O aviso define como proposta de concessão para prestação dos serviços públicos de fornecimento, implantação, gestão, operação e manutenção do sistema de bicicletas compartilhadas do Recife.
O valor do contrato está estimado em R$ 346 milhões por um período de 20 anos. O cronograma previsto na proposta começaria com a consulta pública entre novembro e dezembro deste ano, depois haveria ajustes no escopo do projeto em janeiro de 2025, análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) entre janeiro e abril de 2025, com lançamento do edital de licitação em maio e assinatura do contrato em agosto de 2025.
Uma audiência pública virtual já está marcada para o dia 10 de dezembro, às 10h, via Google Meet, e os possíveis interessados em disputar a futura licitação terão entre os dias 2 e 10 de dezembro para esclarecer dúvidas. O aviso é assinado pelo secretário executivo de Parcerias Estratégicas do Recife, Alexandre Benedito Pessatte Filho.
Já as contribuições sobre pontos que o futuro sistema venha a ter ou melhorias que possam ser implementadas - tendo o atual Bike PE como referência, por exemplo - poderão ser feitas por email (consulta.bicicletascompartilhadas@recife.pe.gov.br) entre os dias 12 de novembro e o dia 13 de dezembro.
PROPOSTA PREVÊ BICICLETAS ELÉTRICAS, EXPANSÃO DA REDE E CONTRATO DE 20 ANOS
A proposta do novo sistema de compartilhamento de bicicletas públicas do Recife teria, pelo menos na intenção, muitas melhorias e avanços em relação ao que é oferecido atualmente no Bike PE.
Entre as novidades, um número maior de bicicletas e a oferta de bikes elétricas, como já acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo, por exemplo, mas que nunca chegou ao Recife. Seriam 1.600 bicicletas convencionais e 400 bicicletas elétricas, além de 50 bicicletas infantis. O número de estações também seria maior: 205 estações.
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“A crescente preocupação com a sustentabilidade e a necessidade de soluções de mobilidade eficientes têm impulsionado a adoção de sistemas de bicicletas compartilhadas em diversas cidades ao redor do mundo. Para a cidade do Recife, a melhoria da mobilidade urbana é um desafio constante, assim como para diversas outras metrópoles brasileiras”, alega a gestão municipal na proposta.
“Desde 2013, o Recife tem expandido sua rede de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Atualmente, a infraestrutura cicloviária conta com 193 km de extensão, interligando as Zonas Sul, Oeste, Norte e o Centro da cidade. Ainda assim, é indispensável que a cidade ofereça um sistema de transporte mais atrativo e acessível à população, funcionando como uma alternativa sustentável que incentive deslocamentos mais rápidos e saudáveis, especialmente em áreas de tráfego intenso. Além disso, o sistema pode também servir como uma plataforma para uso recreativo e de lazer”, argumenta.
Outras exigências feitas são que a futura concessionária assuma a implantação, operacionalização e manutenção de faixa móvel nos sábados, domingos e feriados nas ruas da cidade, que hoje é bancado pela gestão municipal.
Que seja adotada tecnologia de monitoramento do serviço, com contagem volumétrica e painel de mensagens para os ciclistas. Além da oferta de viagens gratuitas, com o objetivo de “ampliar o acesso ao sistema de bicicletas compartilhadas para cidadãos em situação de vulnerabilidade social, promovendo inclusão e equidade no uso de serviços públicos de mobilidade”. A adesão seria via CADÚNICO para acesso gratuito ao serviço.
Confira em números as exigências feitas:
1.600 bicicletas convencionais
400 bicicletas elétricas
50 bicicletas infantis
205 estações de bicicleta
2.050 unidades de sistema de posicionamento
1 site e 1 aplicativo do sistema
Projeto Bike Recife 11/24 by Roberta Soares
BICICLETAS DO BIKE PE ESTÃO VELHAS, SISTEMA NÃO EXPANDE E NUNCA CHEGOU À PERIFERIA COMO PROMETIDO
O gesto da PCR em buscar um Bike PE para chamar de seu ou, ao menos, assumir a gestão do atual reflete a insatisfação que atualmente tem cercado o sistema de compartilhamento de bicicletas.
Embora ainda seja um bom sistema, o Bike PE tem apresentado muitos problemas de operação: as bikes estão velhas, faltam bicicletas nos dias e horários de maior movimento, e o projeto não se expande. Nem para a periferia, muito menos em bairros considerados nobres da cidade.
Aliás, atualmente, o Bike PE virou um sistema de aluguel de bicicletas que perdeu a gratuidade com o transporte público e que só atende a poucas regiões ricas - basicamente o Centro e as áreas mais nobres de Boa Viagem e de alguns poucos bairros da Zona Norte.
Em setembro, o JC fez uma reportagem mostrando que as bicicletas do Bike PE estão velhas e que o sistema sofre sem expansão no Grande Recife. Embora já incorporado à rotina dos moradores do Recife e muito disputado nos horários de pico e, principalmente, aos domingos. O Bike PE é operado pela Tembici em parceria com o Itaú desde 2017.
O material mostrava que tem sido cada vez mais frequente encontrar bicicletas quebradas, com sistema de marchas, freios e correntes comprometidos, bancos instáveis e pedais soltos ou quebrados, além da pouca oferta dos equipamentos. E que é visível que a rede ofertada - 90 estações e 900 bicicletas no Recife e, pontualmente, nas cidades de Olinda e Jaboatão dos Guararapes - há muito tempo já não dá conta da demanda de usuários - que aumentaram ainda mais com as parcerias criadas para utilização dos parceiros de aplicativos de delivery.