Rodovias: uma em cada quatro rodovias do Brasil está ruim ou péssima, aponta CNT
Cenário é ruim e faz parte da Pesquisa CNT Rodovias 2024, estudo que virou referência na análise da malha rodoviária do País há 28 anos
A malha rodoviária do Brasil segue muito ruim, como constatado, mais uma vez, pela Pesquisa CNT Rodovias 2024, lançada nesta terça-feira (19/11), nacionalmente, pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT).
Em resumo, uma em cada quatro estradas brasileiras está ruim ou péssima. Ou seja, não oferece o mínimo necessário de segurança viária - o que não surpreende num País que mata, por baixo, mais de 33 mil pessoas no trânsito, a maioria em rodovias.
O levantamento analisou 111.853 km de vias pavimentadas, o que corresponde a 67.835 km da malha federal e a 44.018 km dos principais trechos de rodovias estaduais. Na avaliação, são verificados o pavimento, a sinalização e a geometria dos trechos rodoviários.
MAIORIA DAS RODOVIAS SÃO REGULARES, RUINS OU PÉSSIMAS. MINORIA TEVE AVALIAÇÃO ÓTIMA
A Pesquisa CNT Rodovias de 2024 apontou que menos de 8% (apenas 7,5%) das estradas avaliadas tiveram o estado geral ótimo - cenário que se mantém nos 28 anos do levantamento. Na comparação com 2023, por exemplo, o percentual de estradas ótimas caiu: dos 111.502 km avaliados no ano passado, 7,9% tiveram essa avaliação.
Na verdade, a maioria das rodovias foi avaliada pela CNT como regular (40,4%). E, do total da malha percorrida pela pesquisa, 25,5% foram consideradas boas. Além disso, a maioria das vias brasileiras avaliadas é composta por pistas simples de mão dupla, totalizando 94.848 km, o que representa 84,8% da extensão total.
A Pesquisa CNT Rodovias 2024 foi realizada em parceria com o Sest (Serviço Social do Transporte) e com o Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte). De acordo com os dados, a malha brasileira se estende por mais de 1,5 milhão de km. No entanto, somente 12,4% é pavimentada, o que corresponde a 213,5 mil km.
CNT APONTA QUE, ATUALMENTE, SERIAM NECESSÁRIOS R$ 100 BILHÕES PARA RECUPERAR AS ESTRADAS DO BRASIL
Se o Brasil resolvesse correr atrás do prejuízo, o trabalho seria grande e o custo exorbitante. A CNT estima que, atualmente, seriam necessários quase R$ 100 bilhões em investimentos para recuperar as estradas brasileiras.
E o investimento teria que ser maior nas rodovias sob gestão pública do governo federal e dos estaduais. Isso porque apenas 2,7% das rodovias públicas, que correspondem a 74% da extensão avaliada, estão em ótimo estado. Enquanto que as rodovias concedidas à iniciativa privada esse número cresce para 21,4%.
“A CNT reconhece os esforços que vêm sendo realizados para transformar o cenário rodoviário nacional e afirma que ainda é necessário ampliar os recursos e o orçamento destinados às rodovias brasileiras. A melhoria da infraestrutura de transporte é um processo de longo prazo que requer constância e comprometimento”, defendeu o presidente da CNT, Vander Francisco Costa.
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“Investimentos contínuos são fundamentais para garantir o avanço gradual e sustentável das rodovias. A CNT reafirma a importância de manter e intensificar esses esforços, uma vez que só assim será possível garantir uma mobilidade mais segura e eficiente, promovendo o desenvolvimento socioeconômico do País e atendendo às necessidades de uma sociedade que aspira por uma infraestrutura de qualidade”, reforçou.
DETERIORAÇÃO SEVERA DE ALGUMAS RODOVIAS
Segundo a Pesquisa CNT Rodovias 2024, um documento de 225 páginas, os 45.263 km classificados como regular estão à beira de deterioração mais severa, exigindo manutenção urgente para evitar seu agravamento.
Um claro sinal, atesta a Confederação, de que, sem intervenções adequadas e imediatas de manutenção, esses trechos possivelmente migrarão para as categorias ruim ou péssimo. Também há uma predominância de desgaste em 55,8% da extensão total avaliada (62.278 km).
A pesquisa afirma que a má qualidade da condição da superfície do pavimento pode ser percebida facilmente pelo usuário da via, afetando diretamente o seu conforto, e pode estar ligada à ausência de manutenção.
Confira a pesquisa na íntegra:
Pesquisa CNT de Rodovias 2024 by Roberta Soares
Ao longo dos anos, aponta, a evolução da malha pavimentada tem sido insuficiente para acompanhar as crescentes demandas para escoamento da produção nacional e para abastecimento interno.
MELHORES RODOVIAS NO SUDESTE E, PRINCIPALMENTE, EM SÃO PAULO
A primeira colocada do ranking é a rodovia Raposo Tavares (SP-270), no trecho de 272 km entre Presidente Epitáfio e Ourinhos, no interior de São Paulo.
De acordo com ranking da Pesquisa CNT, apenas oito rodovias são consideradas ótimas. E todas elas estão na região Sudeste (sete são de São Paulo e uma do Rio de Janeiro) e são concedidas à operação privada.
A única exceção é a rodovia Dr. Elyeser Montenegro Magalhães (SP-463), no trecho entre Ouroeste e Clementina, no interior paulista, que tem gestão pública, ou seja, não foi concedida à iniciativa privada. Também não há nenhuma rodovia federal classificada como ótima.
Confira o ranking
As 10 melhores:
SP-270, de Presidente Epitácio a Ourinhos (SP)
SP-099, de São José dos Campos a Caraguatatuba (SP)
SP-225, de Itirapina a Santa Cruz do Rio Pardo (SP)
SP-021, de São Paulo a Arujá (SP)
SP-348, de Cordeirópolis a São Paulo (SP)
RJ-124, de Rio Bonito a São Pedro da Aldeia (RJ)
SP-463, de Ouroeste a Clementina (SP)
SP-300, de Castilho a Jundiaí (SP)
SP-070, de Taubaté a Guarulhos (SP)
SP-065, de Campinas a Jacareí (SP)
As 10 piores:
PE-545, de Exu a Ouricuri (PE)
PE-096, de Palmares a Barreiros (PE)
PB-400, de Cajazeiras a Conceição (PB)
RN-118, de Macau a Itajá (RN)
PE-177, de Quipapá a Garanhuns (PE)
RS-153, de Barros Cassal a Vera Cruz (RS)
RS-640, de São Vicente do Sul a Rosário do Sul (RS)
RJ-155, de Barra Mansa a Angra dos Reis (RJ)
PB-066, de Ingá a Itambé (PB)
AC-010, de Porto Acre a Rio Branco (AC)