Empresários de ônibus rebatem ministro Rui Costa sobre ‘alto valor’ de subsídio ao transporte público do Grande Recife
Ministro da Casa Civil fez críticas ao fato de o Estado colcoar R$ 400 milhões no transporte público e o serviço ser desaprovado pela população
Os empresários de ônibus da Região Metropolitana do Recife rebateram as declarações do ministro da Casa Civil, Rui Costa, de que o volume de subsídios públicos repassados ao sistema de transporte coletivo pelo governo de Pernambuco seria alto - algo estimado em R$ 400 milhões por ano, entre recursos diretos e indiretos.
Em nota oficial e num raro momento de posicionamento - gesto que não é comum entre os operadores do setor no Estado -, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) lembrou que a ampliação dos subsídios - principalmente após a pandemia de covid-19 - é reflexo da decisão política do próprio Estado de não aumentar as passagens em benefício da população.
“Aqui, o governo do Estado fez uma opção pelo congelamento tarifário em benefício da população, mas que impacta em maior necessidade de subsídios, principalmente tendo em vista que a tarifa local é uma das mais baixas do Brasil”, afirmou a Urbana-PE.
“Além disso, os valores mencionados pelo ministro (no caso a quantia de R$ 400 milhões por ano) não são destinados apenas aos serviços de transporte, mas também à infraestrutura, como a manutenção dos Terminais Integrados e das estações do sistema BRT”, seguiu afirmando na nota.
Esses recursos destinados à infraestrutura, inclusive, seriam o chamado subsídio indireto ao setor, sem ir diretamente para a operação dos ônibus.
OS SUBSÍDIOS DESTINADOS AO TRANSPORTE PÚBLICO EM SÃO PAULO COMO EXEMPLO
Para fundamentar que subsidiar com R$ 400 milhões um sistema do porte do existente no Grande Recife não é muito e que o passageiro não consegue mais pagar, sozinho, o custo da operação, os empresários de ônibus pernambucanos também fizeram uma comparação com São Paulo, há muitos anos a cidade que mais subsidia o transporte público coletivo do País.
“Para se fazer um breve contraponto, o município de São Paulo deve destinar algo em torno de R$ 7 bilhões para o sistema de ônibus, somente no ano de 2024, quase 20 vezes mais do que a RMR”, disse a Urbana-PE na nota.
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A entidade também concordou com as declarações do ministro Rui Costa de que é mais do que necessário qualificar o Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR (STPP) e que tem tentado promover inovações no Grande Recife.
“A Urbana-PE não apenas concorda com o ministro Rui Costa que é fundamental qualificar o sistema de transporte público da Região Metropolitana do Recife (RMR) como também tem apresentado propostas ao governo do Estado pautadas na necessidade de inovação, de priorização do transporte coletivo e de ajustes no atual modelo de custeio, permitindo o adequado atendimento à população, a melhoria da qualidade do serviço e a realização dos investimentos necessários”, disse.
COMPARAÇÃO EQUIVOCADA
Mas, em seguida, alertou que o ministro se equivocou ao comparar sistemas de transporte público municipais com o do Grande Recife, que é metropolitano e, por isso, tem uma governança bem mais complexa.
“Entretanto, comparar um sistema metropolitano, como o da RMR, a sistemas municipais como os da maioria das capitais brasileiras é um equívoco, não apenas pelo aspecto financeiro, mas sobretudo pela complexidade de governança. Do mesmo modo, também é um equívoco demonstrar surpresa com o volume de recursos destinados ao sistema sem, contudo, conhecer a realidade local e os inúmeros desafios enfrentados na RMR”, reforçou a Urbana-PE.
"Portanto, a Urbana-PE entende que a aproximação do governo federal para conhecer o contexto local e aprofundar o debate sobre a mobilidade da RMR é muito benéfica, posto que é indispensável a articulação entre todas as esferas de governo, o setor empresarial e a sociedade para viabilizar os avanços necessários ao sistema de transporte público da região", finalizou.
MINISTRO DA CASA CIVIL FEZ CRÍTICAS EM VISITA A PERNAMBUCO
Em visita ao Recife na terça-feira (27/11) para acompanhar o andamento de obras e projetos do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o ministro da Casa Civil fez críticas ao fato de o governo de Pernambuco estar colocando R$ 400 milhões no sistema de transporte público da RMR e, mesmo assim, o serviço ter uma desaprovação histórica pela população.
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“Nós conversamos muito com a governadora Raquel Lyra e sua equipe nesta terça. O Estado é, no País, o que vem dando o maior subsídio público ao sistema de transporte, no caso os ônibus. São mais de R$ 400 milhões por ano, segundo o governo estadual. E, mesmo assim, a desaprovação da população é grande. Precisamos mudar essa lógica”, afirmou.
“Se gasta muito e a qualidade é ruim. E esse gasto é histórico, assim como a desaprovação dos passageiros. Por isso, o modelo de gestão e operação precisa ser repensado. Vamos repensar todo o modelo de transporte, garantindo a integração dos modais. Só a integração garante a qualidade e a eficiência do transporte público”, adiantou.
As declarações do ministro foram dadas ao Programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.