O jurista alemão Max Weber (1864 — 1920) dizia que “às vezes, nossa vida é colocada de cabeça para baixo, para que possamos aprender a viver de cabeça para cima”. Agora pense comigo: quem, em sã consciência imaginaria que estivéssemos vivendo dias tão sombrios abaixo da linha do Equador?
Nem as cartomantes, os magos, os bruxos, a moça romena, que passa de mesa em mesa nas cafeteria, lendo o destino dos clientes, interpretando a borra da xícara de café, na milenar arte conhecida de cafeomancia! Ninguém fez essa previsão.
Já no princípio do ano, quando até a Organização Mundial da Saúde (OMS) não tinha ainda reconhecido como pandemia, e a covid-19 já era tratada com desdém por aqueles cavaleiros da ordem dos negacionistas. Os mesmos que negam a realidade visível a olho nu.
Eu recorri ao pensador Max Weber para lembrar que mais de que ponta cabeça a pandemia da covid-19 está colocando o país diante de governantes que, assim, na linguagem popular estão pouco se lixando para quem perdeu entes queridos, para o sofrimento de muitos que ainda estão no leito hospitalar, ou aqueles que já conseguiram escapar das garras do vírus.
Quer ver um exemplo de tudo isso? Os cientistas, e me refiro a quem estuda, a quem se dedica a pesquisar as doenças, pois esses especialistas estão convencidos que quanto maior for o número de pessoas testadas, mais chance há de enfrentamento da doença.
Você pode não acreditar, mas em um galpão empoeirado na periferia de Guarulhos (SP), o governo federal tem estocado quase 7 milhões de testes que poderiam estar sendo usados. Mas o jogo de empura, empura, do governo federal culpa governadores e prefeitos por não terem feito pedidos dos produtos para a testagem. Corre-se o risco de que todo esse material e insumos, venham a perder a validade, entre janeiro e março do ano que vem.
É disso que se fala, quando a gente ler Max Weber. O Brasil está precisando de passar por uma profunda sacudida para sair dessa letargia sem fim.