O presidente da República cometeu um pequeno engano, na tradicional “live”, na transmissão ao vivo que faz toda semana. Nesta quinta-queira (26), Jair Bolsonaro (sem partido) disse com todas as letras que duvidava que alguém encontrasse alguma declaração dele, algum vídeo, alguma gravação tratando a covid-19 como uma gripezinha” qualquer.
"Falei lá atrás que, no meu caso, pelo meu passado de atleta — eu não generalizei — se pegasse o Covid, não sentiria quase nada. Foi o que eu falei. Então, o pessoal da mídia, a grande mídia, falando que eu chamei de 'gripezinha' a questão do Covid. Não existe um vídeo ou um áudio meu falando dessa forma. E eu falei pelo meu estado atlético, minha vida pregressa, tá? Que eu sempre cuidei do meu corpo. Sempre gostei de praticar esporte." afirmou ontem, o presidente.
Acontece que o presidente se esqueceu que em 20 março, quando o Brasil dava os primeiros passos para aceitar a realidade da chegada da pandemia, Jair Bolsonaro concedeu uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto transmitida pela Rádio Jornal. No encerramento, quando a chefe do cerimonial estava agradecendo a presença dos jornalistas, Bolsonaro lembrou que na campanha eleitoral tinha sofrido uma facada e se recuperado e que não seria uma “gripezinha” que iria derrubá-lo.
"Depois da facada, não vai ser uma ‘gripezinha’ que vai me derrubar não, tá ok? Se o médico ou o ministro da Saúde me recomendar um novo exame, eu farei. Caso contrário, me comportarei como qualquer um de vocês aqui presentes", declarou o presidente.
Três dias depois, Bolsonaro volta a falar em “gripezinha”, desta vez em pronunciamento em cadeia de rádio e TV. Em uma raivosa declaração, o presidente da República pediu a "volta à normalidade" e o fim do que chamou de "confinamento em massa”.
"No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado com o vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como disse aquele famoso médico daquela famosa televisão. Enquanto estou falando, o mundo busca um tratamento para a doença”.
Em 7 de julho, Bolsonaro anunciou que tinha sido infectado pelo vírus.
Um cidadão, um trabalhador, um jornalista, um homem público. Qualquer pessoa é passível de cometer erros. O que é inaceitável é não reconhecer o erro. E nos homens que governam um país, como o presidente da República, comentar lorotas e não dar o braço a torcer que errou é pior ainda. É por essas e outras que Jair Bolsonaro não concede entrevistas, certamente seria desmascarado pela imprensa.
Pense nisso!