Outro dia, eu estava conversando com o professor Roberto Medronho, infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e o assunto era uma análise que precisava ser feita a respeito de atitudes negacionistas diante da covid-19. O professor me lembrava que uma das frases de maior sucesso nas redes sociais dizia que “É como se caíssem de cinco a seis aviões por dia e as pessoas continuassem na fila para embarcar no próximo voo”.
Hoje, quase nove meses do primeiro registro de vítima fatal da doença, com a morte de Rosana Aparecida Urbano, de 57 anos, o país conta suas vítimas e 179.765 brasileiros perderam a vida. Parafraseando o professor Roberto Medronho é como se nesses nove meses 600 aviões lotados de passageiros tivessem caído.
Mas apesar de todos os números, ainda assim, ainda que seja plausível fazer essa advertência, falta à população ver os aviões caindo. Em outras palavras. Ver as vítimas da Covid-19. Mas elas não verão. São números que nem a todos comovem. E esses que não se comovem com os números de 770 mortes só nas últimas 24 vão continuar saindo de casa sem proteção, praticamente já deixaram de lado o saudável uso da máscara, de lavar as mãos, de passar álcool. Talvez nem se empregarmos o conceito de segunda onda, nem assim vamos convencer os negacionista de que a crise é grave.
É grave, não há expectativa de vacina para os próximos meses, muita gente ainda será infectada e como diz o professor Roberto Medronho, os aviões vão continuar caindo, mas as pessoas continuam a embarcar nas aeronaves travestidas de bares lotadas, de festinhas de amigos e parentes, de comemorações de políticos eleitos.
Pense nisso!