O presidente da República e o vice, três ministros de Estado e um assessor especial, todos ignoraram uma carta encaminhada ao governo brasileiro que passou dois meses zanzando de mesa em mesa, de gaveta em gaveta, enquanto milhares de brasileiros morriam por falta de imunizante.
Antes de achar uma palavra apropriada para tamanha displicência, eu gostaria de dizer que apesar de ter avançado nas investigações contra o ex-secretário de Comunicação do Governo Fábio Wajngarten a CPI da Covid-19 prestou um desserviço ao país e contribuiu para enfraquecer as investigações que doravante encontre pela frente.
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Se de um lado, divergências internas — inclusive do presidente, Omar Aziz (PSD-AM) com Renan Calheiros (MDB-AL) — mostram que na qualidade de investigadores os senadores estão muito pouco afinados, do outro aponta que cair nas provocações do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) só ajuda a fragilizar o relatório do senador alagoano.
Voltando à carta que chegou ao Planalto em 12 de setembro do ano passado, e somente teve algum providência em 9 de novembro, é bom que se diga que a oferta de vacinas era explícita. O laboratório Pfizer deixa claro a prioridade da compra dos imunizante pelo governo brasileiro. “A potencial vacina da Pfizer e da BioNTech é uma opção muito promissora para ajudar seu governo a mitigar esta pandemia. Quero fazer todos os esforços possíveis para garantir que doses de nossa futura vacina sejam reservadas para a população brasileira[...] porém celeridade é crucial devido à alta demanda de outros países e ao número limitado de doses”
Se não forem imputadas responsabilidades criminais contra autoridades como o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) e o vice, Hamilton Mourão (PRTB); o ministro da Economia, Paulo Guedes; e os então ministros Walter Braga Netto, da Casa Civil e Eduardo Pazuello, da Saúde, de nada terá valido a CPI da Pandemia. A não ser para servir de palanque eleitoral.
Pense nisso!