Vitória temporária da ala ambiental do governo. Petrobras não recebe autorização para pesquisar petróleo na bacia do Amazonas

Leia a coluna Política em Brasília
Romoaldo de Souza
Publicado em 23/05/2023 às 21:34
Marina Silva Foto: Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem


Nas várias paixões não correspondidas de “Quadrilha”, poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), encontramos esses (des)encontros, dependo do ponto de vista que se analisam as diferentes formas de amar: “João amava Teresa, que amava Raimundo, que amava Maria, que amava Joaquim , que amava Lili, que não amava ninguém.” Na política ambiental do governo, nós podemos identificar: Lula que enquadra Rui, que enquadra Marinha, que enquadra Rodrigo que não enquadra Paul. E o que é esse emaranhado de nomes? Simples. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva delegou ao chefe da Casa Civil, Rui Costa, a tarefa de convencer a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, e o presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Rodrigo Agostinho, para que seja concedida autorização para que a Petrobras, presidida por Jean Paul Prates, realize perfuração como teste na “Margem Equatorial Brasileira” nas proximidades da foz do rio Amazonas, no Amapá.

“Foram estabelecidos procedimentos de acordo com a nova realidade do governo, que é o cumprimento da lei. Essa é uma decisão técnica e decisão técnica, em um governo republicano, democrático, é cumprida e respeitada”, disse a ministra Marina Silva. Vitória para a ala ambientalista do governo que não quer a exploração de petróleo na região.

Ainda em Hiroshima, no Japão, onde participou do G-7, o presidente Lula considerou ser “difícil” que a perfuração cause qualquer problema ambiental na Amazônia. “Se explorar esse petróleo tiver problema para a Amazônia, certamente não será explorado, mas eu acho difícil, porque é a 530 quilômetros da Amazônia”, disse Lula.

O Jornal do Commercio apurou que a estatal vai recorrer da decisão do Ibama quando não autorizou o pedido de licença para pesquisar possibilidades de exploração na bacia do Amazonas.

Para Marina Silva, enquanto a Petrobras “não se adequar às exigências do próprio governo”, um pedido de licença não será concedido.

“Foi uma reunião exatamente para trazer as evidências. E, o procedimento que está estabelecido, o conjunto das ações dos investimentos que serão feitos, envolvendo os processos de licenciamento, terão de cumprir com pré-requisitos que foram estabelecidos em 2012”, ressaltou a ministra do Meio Ambiente.

Em total sintonia com a ministra, o presidente do Ibama destacou que se a Petrobras apresentar novo pedido de licenciamento “esse novo pedido será analisado com base nos critérios do governo Lula”, e conclui: “É sempre importante salientar que se uma licença é negada, está negada. Mas o empreendedor, no caso da Petrobras, tem o direito de apresentar pedidos quantas vezes quiser”, disse.

Na Petrobras a informação é de que a estatal “vai analisar os desdobramentos das últimas reuniões” enquanto que na Casa Civil da Presidência da República, o ministro Rui Costa saiu do encontro dizendo que “eles [Marina Silva e o presidente do Ibama] são carne de pescoço”. Pelo visto, por enquanto, os ambientalistas do governo é que estão com a corda toda. Mas somente por enquanto até que Lula enquadre ele próprio Marina e mande a ministra enquadra o presidente do Ibama. Aí poderá sair faísca.

 

 

 

 

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