Os bastidores da política nacional, com Romoaldo de Souza

Política em Brasília

Por Romoaldo de Souza
Romoaldo de Souza

Gravação sugere que Bolsonaro negociava vaga no STF para limpar a barra do filho

Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, promete votar projeto da dívida dos estados em agosto. Só que ninguém saber o valor desse endividamento

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Romoaldo de Souza

Publicado em 15/07/2024 às 19:55
Witzel foi eleito governador do Rio de Janeiro em 2018 e está afastado após investigações - Fernando Frazão/Agência Brasil

FOME ZERO
Quase 11h da noite de domingo (14), no Aeroporto Internacional de Brasília - Presidente Juscelino Kubitschek - e lá vem a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, com vontade de comer um cachorro quente! Ela recém tinha feito o percurso entre o Recife e a capital federal e, quem anda de avião ultimamente, já sabe que é tratado a água e um biscoitinho insignificante, quando muito.

- Está aberto? perguntou.

- Fechando o caixa, respondeu a atendente, com a fisionomia de quem diz: sinto muito!

Não foi dessa vez que Luciana Santos devorou um tradicional “dogão do aeroporto”, como é conhecido o quiosque. Mandou uma mensagem, checou se tinha carro esperando por ela. Desceu as escadas e sumiu por entre as lanchonetes e bares com suas possantes TVs transmitindo a vitória da Argentina 1 x 0 sobre a Colômbia, final da Copa América.

PACTO FEDERATIVO
O Senado vai deixar para agosto, a votação do projeto que trata do endividamento dos estados.

Em extenso relatório, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), diz que “após o recesso parlamentar”, com início a partir da quarta-feira (18), o plenário da Casa Legislativa começa a debater o projeto “em busca do necessário consenso, como é próprio do Parlamento”.

‘HOW MUCH’
O certo é que a estimativa da Advocacia-Geral da União aponta que os estados e o Distrito Federal devem juntos à União [o caixa central do governo federal] algo em torno de R$ 760 bilhões. Mas ninguém sabe ao certo se os números estão corretos.

POBRE DEMOCRACIA
Após almoço com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, o presidente do Brasil, Lula da Silva (PT), repudiou o atentado que quase mata o ex-presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. Segundo o petista, o episódio do último domingo só “empobrece a democracia.” Quando questionado se o ataque fortalece ou não ao ex-presidente: “Eu não sei se isso vai fortalecer alguém. Isso empobrece a democracia. Ao invés de ficarmos debatendo quem ganha. O que temos que ter certeza é que a democracia perde”, completou.

NA MOITA
Ministros do Palácio do Planalto como Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) sentem na pele [imagine também como sente o bolso do pagador de impostos] o erro político do presidente Lula, quando logo após ter vencido o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sentenciou: “não quero confusão!”

Era um questionamento sobre a eleição na Câmara dos Deputados. Deu no que deu: Arthur Lyra (PP-AL) foi reconduzido ao cargo, cresceu o olho para a Esplanada dos Ministérios e seus cerca de 20 mil cargos de confiança e um orçamento passível de ser manipulado a qualquer instante. O Planalto é refém de Lyra.

APAGUE A LUZ
Em um país em que os projetos quase sempre são datados e casados com o mandato do Executivo - em todos os níveis - não causou surpresa no mercado a recomendação do ONS (Operador Nacional do Sistema) determinando “prontidão” das térmicas para “garantir energia”. “Nos últimos meses houve pouca chuva e consequentemente caiu o nível da água em importantes bacias hidrográficas”.

PENSE NISSO!
Em Brasília, uma cadeira no Supremo Tribunal Federal - são 11 - por vezes é trocada por favores, por critérios pouco republicanos ou valores e conhecimentos pouco jurídicos.

No passado, uma foi ocupada por uma jurista para ser a primeira da Corte. Outro batia no peito dizendo que era o primeiro negro. Tem assento que é “sorteado” entre os amigos ou advogados do “rei”, ou por ser dessa ou daquela corrente evangélica.

Enfim, Bolsonaro inovou: andou negociando uma nomeação para limpar a barra do filho. “O ano passado, no meio do ano, encontrei com o [Wilson] Witzel [ex-governador do Rio de Janeiro]. Ele falou, resolveria o caso do Flávio. ‘Me dá uma vaga no Supremo’”.

E pensar que esses critérios não são totalmente descartados na hora de uma indicação…

Pense nisso!

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