O delegado Israel Rubis foi surpreendido pela transferência da delegacia, por determinação do Governo de Pernambuco. Foto: Divulgação
Há pouco mais de um ano, a sociedade pernambucana acompanhou, atônita, a
extinção da Delegacia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp) e a remoção da delegada Patrícia Domingos para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa. Houve protestos, pedidos de liminar na Justiça e muita revolta. Mas não teve jeito. O clamor popular não foi ouvido.
Desta vez, o cenário se repete no Sertão de Pernambuco.
O delegado Israel Rubis, reconhecido pelo trabalho de combate à violência e com reduções significativas da criminalidade no município de Arcoverde, foi transferido para Vitória de Santo Antão. O delegado não queria, mas não teve opção. Houve protestos, repercussão nas redes sociais. A cidade parou por um dia contra a remoção do delegado. A Justiça concedeu liminar em favor de Israel. Na decisão, o juiz foi taxativo: "a remoção não atendeu ao interesse público". O Governo do Estado recorreu, mas o recurso não foi aceito. Na nova tentativa, venceu.
Na última segunda-feira (28), em pleno feriado do servidor público, o delegado foi comunicado de que o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, desembargador Adalberto de Oliveira Melo, atendeu ao pedido do Governo de Pernambuco, cassou a liminar e autorizou a remoção do delegado. A portaria da Secretaria de Defesa Social (SDS) determinando que Israel passe a atuar em Vitória de Santo Antão deve ser publicada nos próximos dias.
Duas situações chamam muito a atenção. No caso da delegada Patrícia Domingos, a transferência dela ocorreu poucas semanas após ela anunciar o indiciamento de um
secretário estadual e um dos principais líderes do PSB pela suspeita de peculato. Já no caso de Israel, ele estava investigando
vereadores de Arcoverde por suposto desvio de verba pública. Entre os investigados, havia políticos aliados ao PSB.
Mais uma vez, o interesse público e os pedidos da sociedade não foram levados em conta. Novamente, fica a sensação de que questões políticas podem estar envolvidas. E que a impunidade continua dominando o nosso Estado.
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