Justiça

Caso Miguel: Sarí Corte Real sentará no banco dos réus nesta quinta-feira (03)

Audiência começará a partir das 9h, na 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital, no bairro da Boa Vista, no Recife

Raphael Guerra
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Raphael Guerra
Publicado em 30/11/2020 às 18:10 | Atualizado em 30/11/2020 às 19:30
Yacy Ribeiro/JC Imagem
Sarí Corte Real, acusada pelo crime de abandono de incapaz com resultado morte de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos - FOTO: Yacy Ribeiro/JC Imagem

A empresária Sarí Corte Real, acusada pelo crime de abandono de incapaz com resultado morte de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, sentará no banco dos réus na próxima quinta-feira (03). Além dela, testemunhas de acusação e de defesa serão ouvidas na audiência de instrução e julgamento do caso que chocou o País. Miguel morreu depois cair do nono andar de um prédio de luxo na área central do Recife, após ser deixado sozinho no elevador por Sarí, patroa da mãe dele, em junho deste ano.

A audiência começará a partir das 9h, na 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital, no bairro da Boa Vista. Não será permitida a presença da imprensa nem de pessoas que não foram convocadas para prestar depoimento. Apesar de ser um processo público, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) se negou a informar quantas pessoas serão ouvidas. A assessoria do órgão alegou que “a decisão do Juízo leva em consideração a preservação da identidade e a privacidade das pessoas que vão testemunhar na referida audiência, pessoas estas que, inclusive, não configuram partes no processo”.

A coluna Ronda JC apurou que mais de dez testemunhas serão ouvidas. A mãe, Mirtes Souza, e avó do menino, além de funcionários do Edifício Píer Maurício de Nassau, onde ele morreu, estão entre as pessoas convocadas para a audiência.

Inicialmente, na lista, também estava o nome de Arlindo Matos, pároco da Igreja de Tamandaré, município do Litoral Sul de Pernambuco, onde o marido de Sarí, Sérgio Hacker (PSB), é o prefeito. Ele foi retirado da lista após a repercussão da reportagem publicada pela coluna. Na ocasião, Hacker enviou comunicado pedindo desculpas.

Somente após todas as testemunhas serem ouvidas, Sarí Corte Real prestará depoimento. A ré terá o direito de ficar em silêncio. Por conta do número de pessoas a serem ouvidas, é possível que ocorra mais de uma audiência. Finalizada esta etapa, acusação e defesa vão apresentar as alegações finais. O prazo é de até dez dias a partir da notificação. Por fim, o juiz da 1ª Vara de Crimes contra a Criança e o Adolescente da Capital dará a sentença - o que só deve acontecer em 2021.

Sarí Corte Real responde ao processo em liberdade. 

RELEMBRE O CASO

Miguel morreu na tarde de 02 de junho deste ano. Na ocasião, Sarí estava responsável pela vigilância do menino, enquanto a mãe dele passeava com o cachorro da patroa.

A perícia realizada pelo Instituto de Criminalística no edifício constatou, por meio de imagens, que Sarí apertou o botão da cobertura, antes de deixar a criança sozinha no elevador. Ao sair do equipamento, no nono andar, o menino passa por uma porta corta-fogo, que dá acesso a um corredor. No local, ele escala uma janela de 1,20 m de altura e chega a uma área onde ficam os condensadores de ar. É desse local que Miguel cai, de uma altura de 35 metros.

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Mirtes Renata, mãe de Miguel, era empregada doméstica de Sarí Corte Real, primeira-dama de Tamandaré - REPRODUÇÃO/TWITTER

Sarí Corte Real, ex-patroa da mãe de Miguel, é esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio hacker (PSB). Na época do caso, Mirtes e a avó de Miguel trabalhavam na casa do prefeito, mas recebiam como funcionárias da prefeitura. A informação foi revelada pelo Jornal do Commercio.

Após a denúncia, MPPE instaurou uma investigação, descobriu que outra empregada doméstica da família também era funcionária fantasma da prefeitura, e a Justiça determinou o bloqueio parcial dos bens de Hacker. O MPPE descobriu ainda que a mãe e a avó de Miguel ganhavam até gratificação por produtividade, mesmo sem trabalharem na prefeitura, como revelou um documento obtido pela coluna Ronda JC.

A assessoria do MPPE disse que o caso segue sob investigação e que os promotores responsáveis por enquanto não vão comentar o processo.

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TRAGÉDIA BRASILEIRA Mirtes trabalhava no apartamento de Sari Corte Real, de onde Miguel caiu, aos 5 anos - FOTO:REPRODUÇÃO/TWITTER

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