Dois dias antes de completar quatro meses, a Polícia Civil de Pernambuco confirmou que concluiu as investigações sobre a morte da menina Heloysa Gabrielle, de 6 anos, que ocorreu durante uma perseguição policial na comunidade de Salinas, em Porto de Galinhas, Litoral Sul do Estado.
Apesar da conclusão das investigações, a Polícia Civil se pronunciou apenas por nota oficial. E não deu explicações sobre quem matou a menina. No texto, a corporação disse apenas que "o inquérito policial referente ao caso foi concluído com indiciamento e remetido à Justiça".
A coluna Ronda JC questionou à Polícia Civil quem foi indiciado pela morte de Heloysa e por qual ou quais crimes. Mas não houve resposta. O mistério, portanto, continua.
O delegado Ícaro Schneider, responsável pela investigação, também foi procurado. Mas informou que não falava com a imprensa.
Já a Promotoria de Ipojuca disse que ainda não recebeu o resultado do inquérito policial. A família de Heloysa também disse não ter conhecimento do resultado.
ENTENDA O CASO HELOYSA
Policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) relataram, na época, que estavam perseguindo dois suspeitos que estavam em uma moto e que teria ocorrido uma troca de tiros. Foi nesse momento em que a menina acabou atingida pelo tiro, na tarde de 30 de março de 2022.
Nas imagens de câmeras de segurança, divulgadas pela imprensa, só é visto um único homem seguindo de moto.
A versão de testemunhas diverge do relato dos policiais envolvidos na ação. Elas contaram que não houve troca de tiros e que apenas os policiais atiraram.
Uma reprodução simulada foi realizada para ajudar nas investigações sobre a morte de Heloysa, mas a polícia não divulgou, até hoje, o resultado dela.
A morte de Heloysa resultou em protestos, fechamento do comércio e medo em Porto de Galinhas. Foi preciso reforço de centenas de policiais para que a situação na praia ficasse mais tranquila.
Em 26 de maio deste ano, outro fato chamou a atenção. Policiais do Bope mataram o suspeito que estaria sendo perseguido no momento da morte de Heloysa.
De acordo com a versão apresentada pela Polícia Militar, Manoel Aurélio do Nascimento Filho e mais dois homens estavam em um carro e iriam realizar um atentado contra um detento do Presídio de Igarassu, que seria liberado. Por isso, uma equipe do Bope teria ido ao local para evitar o crime. Na suposta troca de tiros, o suspeito foi morto.
A conduta dos policiais militares, nas duas ações, também está sendo investigada pela Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS), mas ainda não houve uma conclusão.
VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
A violência armada contra crianças e adolescentes cresceu no Grande Recife no primeiro semestre de 2022. Levantamento do Instituto Fogo Cruzado aponta que pelo menos 78 vítimas foram baleadas. Desse total de registros, duas crianças e 43 adolescentes morreram.
Segundo as estatísticas do Fogo Cruzado, quatro crianças e 49 adolescentes foram baleados (36 garotos e garotas entre 12 e 17 anos morreram) no primeiro semestre de 2021.
Em comparação com aquele semestre, este ano houve aumento de 50% na quantidade de crianças baleadas, e de 47% nos adolescentes baleados.
HOMICÍDIOS EM PERNAMBUCO
Pernambuco acabou o primeiro semestre de 2022 com aumento de 10,7% no número de homicídios. Ao todo, de 1º de janeiro a 30 de junho, 1.858 pessoas perderam a vida de forma violenta. Ao mesmo período de 2021, o número foi de 1.679 registros. As estatísticas foram divulgadas pela SDS.
Somente no último mês de junho, 273 assassinatos foram somados pela polícia. Um aumento de 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a polícia contabilizou 254 mortes.
Isso significa que em todos os meses de 2022 houve aumento dos homicídios. A média diária foide pelo menos dez mortes por dia. Vale lembrar que o programa Pacto pela Vida prevê uma redução de 12% no número de homicídios.
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