Com informações da Estadão Conteúdo
O policial civil Tiago Vaz de Souza, testemunha no julgamento do assassinato do pastor Anderson do Carmo, afirmou em depoimento nesta terça-feira (8), que a família da ex-deputada e pastora evangélica Flordelis dos Santos de Souza era "rachada em facções".
O agente disse ainda que a ex-deputada nunca relatou ter sido alvo de agressão ou abuso sexual durante os depoimentos do caso.
"Era uma família rachada, que tinha privilégios para um grupo. Uma família rachada em facções. Uma facção ajudou no planejamento da morte e outra facção denunciou a existência desse conluio", afirmou o policial no segundo dia do julgamento
Tiago Vaz participou da equipe do delegado Allan Duarte. A investigação do assassinato de Anderson do Carmo foi concluída por policiais na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí.
Segundo o policial, as facções ficaram claras após o homicídio do pastor, marido da pastora.
De acordo com o policial, os filhos de Flordelis eram divididos em grupos, entre biológicos, adotivos e afetivos. O policial afirmou ainda que a divisão entre os membros da família foi um dos motivos para o “racha” entre os filhos, no qual eram conhecidos como a “primeira geração’’.
“Só um grupo era privilegiado, o que ficou conhecido como a “primeira geração”, que acompanhavam desde o início Anderson e Flordelis”.
O que diz a defesa de Flordelis
A advogada Janira Rocha, que defende a ex-deputada Flordelis, afirmou que depoimentos das testemunhas devem confirmar a versão de que a pastora e suas filhas foram vítimas de abuso sexual e físico por parte de Anderson do Carmo.
"Mulheres famosas, poderosas e ricas que sofreram abusos sexuais só muito tempo depois vieram a público dizer isso. A Flordelis não é uma exceção, as mulheres abusadas têm dificuldades, que são comprovadas, de poder expressar esse abuso", disse.
A defesa da pastora afirmou ainda que Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica de Flordelis, foi a única responsável pela morte do pastor.
SEGUNDO DIA DE JULGAMENTO DE FLORDELIS
Além de Flordelis, o julgamento tem quatro réus:
- Marzy Teixeira da Silva, filha adotiva de Flordelis, é acusada de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada
- Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica de Flordelis, responde pelos mesmos crimes
- Rayane dos Santos Oliveira, filha de Simone e neta de Flordelis, é acusada de homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada
- André Luiz de Oliveira, filho adotivo de Flordelis, foi denunciado por uso de documento falso e associação criminosa armada
O julgamento é presidido pela juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3.ª Vara Criminal de Niterói. A defesa da ex-deputada sustenta inocência diante das acusações.
Flordelis foi cassada pela Câmara e está presa preventivamente. Anderson do Carmo, marido de Flordelis, foi morto com mais de 30 tiros. Ele foi alvejado na garagem da casa do casal.
O crime ocorreu em 16 de junho de 2019. Antes, segundo a Polícia, a vítima sofreu várias tentativas frustradas de envenenamento.