Cinthya Leite
Publicado em 11/03/2020 às 21:49
O Brasil vinha se preparando para a declaração de pandemia do novo coronavírus pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Antes disso, o País decretou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e, a cada comportamento do vírus em território brasileiro, novas medidas já eram anunciadas. O teor das mensagens de ontem das autoridades de saúde foi de que a OMS só colocou no papel o que, na prática, estava instalado. Em Pernambuco, que ainda não tem casos confirmados, nada muda em relação aos planos de contigência, segundo o secretário Estadual de Saúde, André Longo. Até o momento, 17 suspeitas de coronavírus continuam em investigação no Estado. Os pacientes têm histórico de passagem pela França, Inglaterra, Itália, Espanha, Alemanha, Suíça, Holanda, Portugal, Emirados Árabes, Israel e Estados Unidos (países com transmissão local do vírus).
A questão agora é que, com a caracterização de pandemia, qualquer pessoa que tenha vindo do exterior e tiver febre e sintomas respiratórios passará a ser considerada como caso suspeito, segundo informou, na tarde desta quarta-feira (11), o Ministério da Saúde. O número de pessoas infectadas, de mortes e de países atingidos deve aumentar nos próximos dias e semanas.
“Com o reconhecimento de pandemia, não vamos mudar a estratégia (relacionada ao plano de contenção) agora. Pode ser que o cenário se altere daqui a 30 dias ou uma semana e, dessa maneira, mudamos o planejamento, se houver necessidade”, disse André Longo. Dos pacientes em investigação no Estado, três estão em isolamento hospitalar em unidades privadas de saúde. Os demais (14), após receberam as devidas orientações, foram encaminhados para isolamento domiciliar.
“O status de pandemia não leva o Brasil ao patamar da China, França e Alemanha. Então, isso não unifica a questão da pandemia em todos os países. Cada uma continua com a sua característica, e o Brasil ainda não tem uma transmissão sustentada de vírus”, frisou o chefe do setor de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), Demetrius Montenegro, ao ressaltar que as pessoas que estão se contaminando, no País, ainda têm vínculo epidemiológico com caso positivo. “Então, não é (uma situação) fora de controle. As condutas de contenção e vigilância continuam sendo as mesmas em relação ao vírus”, complementa o infectologista.
A Secretaria de Saúde de Pernambuco reforça que não há motivo para pânico por parte da população, uma vez que todas as ações de vigilância, prevenção e combate já estão sendo deflagradas. “Pernambuco tem um protocolo especial de atendimento para casos suspeitos do novo coronavírus e um fluxo estabelecido para acolhimento dos pacientes. A população não deve entrar em pânico por causa do novo cenário, pois todas as ações estão sendo executadas em tempo oportuno”, salientou o secretário André Longo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta quarta-feira (11) que a epidemia de Covid-19, que infectou mais de 110.000 pessoas em todo mundo desde o final de dezembro, pode ser considerada uma "pandemia", mas que pode ser "controlada".
"Estamos profundamente preocupados com os níveis alarmantes de propagação e de gravidade, bem como com os níveis alarmantes de inação" no mundo, declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva em Genebra.
"Consideramos, então, que a Covid-19 pode ser caracterizada como uma pandemia", afirmou.