Terapia fotodinâmica pode combater infecções decorrentes do coronavírus

O uso da técnica foi defendido como tratamento complementar por pesquisadores do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica
Agência Fapesp
Publicado em 01/07/2020 às 8:25
Pesquisadores do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica defendem técnica como tratamento adicional para pacientes com a doença Foto: CEPOF


 A terapia fotodinâmica pode ser uma eficiente aliada no combate a infecções secundárias decorrentes da COVID-19. O uso da técnica – que combina aplicação de luz com uma substância sensível à luz para matar microrganismos no trato respiratório – foi defendido como tratamento complementar por pesquisadores do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF) em carta publicada na revista Photodiagnosis and Photodynamic Therapy.

“A COVID-19 traz complicações que vão além do vírus e devemos nos preocupar também em buscar tratamentos para esses outros problemas. Tratar essas infecções correlatas pode melhorar o prognóstico dos casos graves e, sobretudo, daqueles pacientes que foram intubados e, portanto, correm maior risco de infecção por outros microrganismos, como bactérias causadoras de pneumonia”, diz Vanderlei Bagnato, coordenador do CEPOF – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão da FAPESP, com sede na Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos.

A terapia fotodinâmica consiste em eliminar microrganismos por oxidação a partir do uso de luz e substâncias fotossensibilizadoras depositadas no trato respiratório do paciente. Ao interagir com a luz, os compostos usados geram uma espécie de oxigênio reativo, chamado de oxigênio singleto, capaz de oxidar as membranas de vírus e bactérias, matando ou inativando esses microrganismos.

“Quando o paciente inala essas substâncias, é possível ativar a droga com iluminação extracorpórea, que começa a atuar nos microrganismos que estão nas vias aéreas”, diz.

A despeito de a terapia fotodinâmica não atuar diretamente no combate do novo coronavírus (SARS-CoV-2) – pois não elimina os microrganismos presentes na circulação sanguínea, apenas nas vias aéreas –, os pesquisadores ressaltam a necessidade de desenvolvimento de técnicas que combatam infecções correlatas à COVID-19 causadas por bactérias e outros vírus, evitando cuidados médicos intensivos e minimizando a transmissão a outras pessoas.

O CEPOF tem realizado diversos trabalhos sobre o uso da técnica para o tratamento de pneumonia, câncer de pele e outras doenças. “Inclusive, vamos iniciar um estudo em suínos para avaliar o uso da terapia fotodinâmica em casos de pneumonia. Essa etapa antecede os testes clínicos em humanos”, diz Bagnato.

O estudo deve ser conduzido ainda por pesquisadores da Universidade de Ontário, no Canadá, em parceria com o grupo do CEPOF. “Esperamos que o estudo seja acelerado, até porque, embora ainda não se saiba ao certo, é provável que pessoas que sobreviveram à COVID-19 possam ter maior propensão a complicações respiratórias, como a pneumonia, por consequências das inflamações severas. É preciso usar novas técnicas, ampliar tratamentos alternativos”, diz.

Na carta, os pesquisadores alertam que, nos casos de COVID-19, a propagação de patógenos oportunistas ocorre principalmente no trato respiratório devido à colonização natural do SARS-CoV-2 na orofaringe. “A terapia fotodinâmica auxilia não apenas a reduzir o número de microrganismos presentes na orofaringe, como também evita sua penetração na mucosa e, consequentemente, sua proliferação”, dizem.

 

 

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