Os casos graves de covid-19, que são um dos termômetros usados pelo governo de Pernambuco para avaliar a curva epidêmica e a pressão que a doença faz na assistência hospitalar, caíram em Bezerros e Caruaru (cidades do Agreste que vivenciaram quarentena rígida de 26 de junho até o último domingo), se compararmos as duas últimas semanas epidemiológicas: uma que praticamente terminou quando iniciado o isolamento duro, de 21 a 27 de junho, e outra no auge das medidas mais restritivas em ambos os municípios, de 28 de junho a 4 de julho. Na semana epidemiológica 26, foram 21 e 103 novos casos graves em Bezerros e Caruaru, respectivamente. Na seguinte, a 27ª, foram 8 e 64 novos casos graves, na mesma ordem.
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A análise, feita com base em dados dos boletins diários da Secretaria Estadual de Saúde (SES), evidencia um indicativo de queda, mas ainda é precoce afirmar que essa diminuição será sustentada para se prever mais um passo no plano de retomada não apenas em Bezerros e Caruaru, como também em todos os municípios que compõem a 2ª Macrorregião de Saúde. Eles permanecem na 2ª etapa, diferentemente dos municípios que avançaram, nesta segunda-feira (6), para a 5ª etapa, como o Recife, Olinda, Paulista e Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana.
Mesmo observada queda de casos graves de covid-19 entre as semanas 26 e 27, o comparativo entre a 25ª (de 14 a 20 de junho) e a 27ª mostra um leve aumento em Caruaru. A 25ª totalizou 12 novos casos graves em Bezerros (9 a mais do que a semana mais recente) e 59 em Caruaru (5 a menos do que a semana mais recente).
Esse recorte é um exemplo do quanto os números da epidemia podem ser transitórios e trazer incertezas sobre o real impacto do relaxamento das regras em uma cidade como Caruaru, que exerce papel centralizador no Agreste e em outras localidades do interior pernambucano. Uma amostra disso é que o principal hospital do Agreste, o Mestre Vitalino (HMV), em Caruaru, recebe pessoas com suspeita ou confirmação de covid-19 de praticamente toda a região. Até esta segunda-feira (6), dos 20 pacientes infectados pelo novo coronavírus e internados em unidade de terapia intensiva (UTI) do HMV, 16 são moradores de outros municípios. No Hospital de Campanha, localizado no pátio do HMV, 11 dos 15 pacientes em UTI não residem em Caruaru.
Segundo a assessoria de comunicação da SES, a taxa de ocupação dos leitos de UTI da 2ª Macrorregião de Saúde (inclui as 53 cidades das Regionais de Saúde com sedes em Caruaru e Garanhuns) está em 87% – um percentual que ainda denota uma zona de criticidade na assistência hospitalar e exige continuidade na capacidade de resposta das autoridades. Mas, ainda segundo a SES, em semanas anteriores à quarentena rígida em Bezerros e Caruaru, essa taxa dificilmente ficou abaixo dos 90%, como permanece atualmente. Ao longo dos dez dias de isolamento duro em ambas as cidades, o governo de Pernambuco enviou para o Mestre Vitalino 20 respiradores, que têm possibilitando a abertura de novas vagas de terapia intensiva. Já para Bezerros, foram encaminhados cinco respiradores, cinco monitores multiparamétricos e cinco camas hospitalares, que proporcionam a abertura de 10 novos leitos. A 4ª Regional de Saúde, da qual fazem parte os dois municípios, contam com 143 leitos dedicados à covid-19, sendo 78 de UTI e 79 de enfermaria.
“Mesmo com a abertura de novas vagas, precisamos continuar chamando a atenção do público para a importância do isolamento social e de continuar seguindo as medidas de higiene e segurança para evitar novos adoecimentos, casos graves e, consequentemente, óbitos. Precisamos frear esse processo de interiorização da doença, diminuindo o grau de transmissibilidade e gerando saúde para os pernambucanos”, disse o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, durante coletiva de imprensa online na última semana. Até esta segunda-feira (6), Caruaru somava 2.626 casos confirmados do novo coronavírus e 161 mortes. Em Bezerros, já foram confirmadas 450 pessoas infectadas, e 24 delas foram a óbito.
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