A Fiocruz Pernambuco realizou o sequenciamento genético de 39 genomas do novo coronavírus (SARS-CoV-2) que circula no estado. O projeto, liderado pelo pesquisador Gabriel Wallau, utilizou o sequenciador de DNA de alto desempenho do Núcleo de Plataformas Tecnológicas (NPT) da instituição. O estudo é realizado com a colaboração do Lacen e de profissionais da Universidade Federal de Pernambuco.
A partir de amostras coletadas no início da pandemia no Estado, a pesquisa identificou pelo menos duas introduções de linhagens europeias e a transmissão comunitária entre os diferentes municípios de Pernambuco e estados vizinhos. A investigação, que prossegue com a meta de alcançar um total de 100 genomas sequenciados, está produzindo dados genômicos importantes que servirão como base para o entendimento sobre os padrões de espalhamento viral; o desenvolvimento de vacinas e o acompanhamento de sua efetividade junto à população local; bem como para a busca de medicamentos eficazes para a covid-19.
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Algumas linhagens se originaram de países europeus e provavelmente chegaram ao estado através de passageiros infectados que adquiriram o vírus naquele continente. Os cientistas chegaram a essa conclusão por meio de análises filogenéticas e da variabilidade genética contida nos genomas sequenciados. Além disso, observaram também que o vírus se espalhou rapidamente devido à circulação de pessoas entre os diversos municípios do estado e para outras unidades da federação.
A maioria das variantes virais encontradas pelo estudo já foram detectadas como predominantes em várias partes do mundo. “As linhagens contendo algumas mudanças ao longo do genoma se tornam prevalentes, se sobrepondo às demais”, explica o pesquisador Gabriel Wallau. Entretanto, estudos mais aprofundados são necessários para avaliar o impacto dessas variantes no processo de infecção viral e no desenvolvimento da doença na população humana.
“Essas são as primeiras sequências do genoma das linhagens do novo coronavírus circulando em Pernambuco a serem disponibilizadas em banco de dados internacional (GISAID), para que pesquisadores no mundo todo tenham acesso aos nossos dados, o que contribui para o avanço das pesquisas a nível mundial, uma importante contribuição do Estado de Pernambuco” complementa o pesquisador que coordena o estudo.
A próxima fase deste projeto já está acontecendo, com o sequenciamento de mais 60 genomas, o que permitirá mapear com mais precisão o espalhamento viral e o momento em que o vírus entrou em Pernambuco.