Em meio à alta de arboviroses, drones e ferramenta de monitoramento integram combate ao Aedes aegypti no Recife

Novidades fazem parte do Plano de Enfrentamento das Arboviroses 2021 do executivo municipal, que visa diminuir a quantidade de casos de dengue, chikungunya e zika, transmitidas pelo mosquito
Katarina Moraes
Publicado em 16/06/2021 às 13:01
TECNOLOGIA Drone vai monitorar locais prioritários e considerados de difícil acesso para os agentes de saúde ambiental e controle de endemias Foto: LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM


Há cerca de um mês, a estudante Larissa Fonseca, de 18 anos, começou a sentir novamente os sintomas da doença da qual já havia sido acometida duas outras vezes. Indisposição, dor de cabeça, febre e manchas vermelhas pelo corpo indicavam a infecção por dengue. Ela foi uma das vítimas da situação de "alto risco" para o Aedes aegypti que hoje a capital pernambucana se encontra, segundo um levantamento feito pela Prefeitura do Recife. O alerta fez com que a gestão precisasse integrar mais ferramentas no combate ao mosquito, apresentadas nesta quarta-feira (16).

Neste ano, até 2 de junho, o Recife havia notificado 380 casos de arboviroses, sendo 1.717 casos de dengue, 1.606 de chikungunya e 57 de zika. Desse total, foram confirmados 526 casos de dengue e 926 casos de chikungunya. Em comparação ao mesmo período de 2020, houve aumento de aproximadamente 214% dos casos notificados e de 238% dos casos confirmados, segundo a gestão.

Outra vítima de arboviroses ainda neste mês de junho foi a professora Patrícia Oliveira, de 44 anos, moradora do Poço da Panela, na Zona Norte do Recife. "Médicos indicaram que, pelo meu quadro, eu estaria com chikungunya. Tive muita dor nas nas articulações, no tornozelo e nos punhos, que ficaram inchados, dor no corpo, febre alta e manchas pelo corpo durante cerca de 14 dias", contou.

Com o intuito de diminuir a quantidade de casos como os de Larissa e Patrícia, o Plano de Enfrentamento das Arboviroses 2021 do executivo municipal lança a ferramenta ‘Bora se Cuidar contra o Mosquito’, disponível no site Conecta Recife (www.conectarecife.recife.pe.gov.br) ou app Conecta Recife. Através dela, o cidadão que observar uma área propícia para proliferação do mosquito pode notificar a Vigilância Ambiental. A tecnologia contra com georreferenciamento e espaço para inclusão de fotos do possível criadouro – uma caixa d’água, tonéis, pneus ou outros recipientes que possam acumular água.

Agora, Larissa, que desconfia ter sido picada pelo mosquito no bairro das Graças, Zona Norte do Recife, onde observou grande quantidade de insetos, pode reportar o local por meio da plataforma. "Poucos dias antes de aparecerem os primeiros sintomas, fui a um lugar com muitas árvores e terra, e lembro de ter reclamado muito dos mosquitos", relatou.

A segunda novidade é o lançamento da Estação de Drones, ligada à Secretaria Executiva de Transformação Digital, que promete monitorar locais prioritários e considerados de difícil acesso para os agentes de saúde ambiental e controle de endemias (asaces). Segundo a prefeitura, “os equipamentos vão sobrevoar áreas de doze bairros com situação mais crítica. Eles serão selecionados e atualizados a partir de dados sobre incidência de arboviroses (número de casos por 10.000 habitantes), índice de infestação vetorial (LIRAa), que é a quantidade de mosquitos, e áreas descobertas do Programa de Saúde Ambiental”.

“Estamos alinhando as ações já realizadas à transformação digital. Agora, além das ações de campo, indo a domicílio, verificando se tem focos de mosquito, a gente conta com os drones para sobrevoo nos bairros com maior incidência de casos e infestação de mosquitos e onde não temos agentes de rotina trabalhando. Além disso, o Bora se Cuidar contra o Mosquito’ vai permitir que cidadãos nos ajudem identificando focos perto de suas casas para que nossos a gente possa resolver o problema”, explicou a secretária de Saúde do Recife, Luciana Albuquerque.

Ações de rotina

A Prefeitura do Recife conta que, atualmente, 532 agentes de endemias trabalham diretamente nas ações de rotina nos oito Distritos Sanitários da cidade. Nas visitas aos imóveis residenciais ou pontos estratégicos (como borracharias ou ferros-velhos, por exemplo) os agentes realizam, se necessário, eliminação mecânica dos depósitos que acumulam água, uso de produto biológico para matar as larvas, aspiração de alados (mosquitos adultos) e também tratamento químico com inseticida.

Na próxima semana, é previsto que mais 250 pessoas aprovadas no último concurso realizado pela Prefeitura do Recife, em 2019, comecem o curso introdutório para formação de agentes de endemias, que tem duração de 40 horas. Depois, “devem ser chamados para atuar na rede municipal de Saúde de acordo com o número de vagas abertas por vacância”, disse a gestão.

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