Pioneiro na vacinação de mulheres grávidas e puérperas contra a covid-19, independentemente de doenças associadas à gestação, Pernambuco ainda está longe de alcançar a cobertura vacinal de, no mínimo, 90% nesse público, levando em consideração apenas a primeira dose. Desde maio, o Estado disponibiliza o imunizante da Pfizer para gestantes e mulheres com até 45 dias o parto (ao todo, são 116 mil em território pernambucano), mas somente 63,87% desse grupo iniciaram o esquema vacinal. No Recife, a cobertura também está longe dos 90%, considerando a primeira dose contra o coronavírus. A Secretaria Municipal de Saúde informa que a população estimada de gestantes e puérperas é de 18.454 mulheres na capital, e 63,9% delas receberam, pelo menos, uma dose do imunizante até o momento.
Dessa forma, o ritmo da imunização para esse grupo é visto como lento para especialistas, já que faz mais de três meses que Pernambuco disponibiliza vacina para gestantes e puérperas, que são um grupo de risco para agravamento da covid-19. "O percentual de mulheres desse grupo que deveria estar imunizada com a primeira era para estar maior do que a taxa que temos atualmente. Há resistência (em tomar a vacina) das gestantes e puérperas, mas também existe por parte de alguns profissionais de saúde", diz o médico Eduardo Jorge da Fonseca Lima, que é representante regional da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) e integrante dos comitês de vacinação contra o coronavírus no Recife e em Pernambuco.
O especialista destaca que parte de profissionais de saúde têm orientado essas mulheres a iniciarem o esquema vacinal apenas após o primeiro trimestre da gravidez, seguindo a crença que há com outras vacinas. "Houve a perpetuação dessa ideia. Mas com covid-19, é diferente. A partir do momento em que a mulher tem conhecimento de que está grávida, deve se vacinar contra o coronavírus, especialmente neste momento em que foi detectada a circulação da variante delta", frisa Eduardo Jorge. Ele assegura que a vacina aplicada nesse público, a da Pfizer, é segura, não aumenta a chance de aborto nem causa má-formação no feto.
O secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, salienta a meta de se atingir meta de 90% de cobertura vacinal entre gestantes e puérperas. "Já disponibilizamos 100% das vacinas necessárias pra vacinar essa grupo, são as da Pfizer. Pernambuco foi pioneiro em manter a vacinação desse público com Pfizer. Então, nós temos seguramente uma das melhores taxa de cobertura do Brasil nesse grupo", diz Longo, que faz um apelo para que as gestantes e as puérperas procurem a vacinação e que os municípios também façam busca ativa dessas mulheres. "É importante que elas sejam orientadas pelos seus obstetras, por quem acompanha o pré-natal. É fundamental que esse público atinja meta, que chegue aos 90%. Todas gestantes e puérperas devem ser orientadas a tomar a vacina, e as duas doses. Salvar vidas maternas, por vezes, é salvar a vida da mãe e da criança", complementa o secretário.
Ainda é cedo para se avaliar o universo de gestantes e puérperas com o esquema vacinal completo, já que imunização desse grupo, em Pernambuco, começou em maio com Pfizer, o que exige um intervalo de três meses entre ambas as doses. Somente neste mês é que foi iniciada a aplicação da segunda dose do imunizante em parte dessas mulheres. Assim, até agora, no Estado, 15,5% estão completamente imunizadas. No Recife, essa taxa é de 26,5%. A meta é atingir 90% de gestantes e puérperas com esquema vacinal completo.
Em Pernambuco, desde o início da pandemia, foram notificados 3.169 casos de mulheres gestantes e puérperas com covid-19. Desse total, 3.169 foram quadros leves (a maioria, 2.242 registrado este ano) e outros 221 (116 este ano) apresentaram gravidade pela infecção decorrente do coronavírus. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde (SES), que não consolidou o número de mortes por covid-19, nesse público, até o fechamento desta reportagem. A SES ainda lembra que o "Estado vem, desde o início da pandemia, trabalhando com a ampliação da testagem, o que consequentemente amplia o acesso à população em geral e às gestantes".
Já no Recife, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informa que, em 2020, foi registrado um caso de síndrome respiratória aguda grave (srag) confirmado para covid-19 em gestante e que, naquele ano, não houve registro de óbito. "No mesmo período, foram confirmados três casos de srag em puérperas e um óbito. Em relação aos casos leves, foram confirmados 173 em gestantes/puérperas."
Já em 2021, até 21 de agosto, o Recife confirmou 16 casos de srag em grávidas e dois óbitos. Neste ano, também foi confirmado um caso grave de covid-19 em puérperas, sem registro de óbito. Além disso, foram constatados 440 casos leves em gestantes/puérperas. A Sesau destaca que essas informações, coletadas nos sistemas de notificação para covid-19 e-SUS e Notifica PE, têm dados sujeitos a alterações.