Já se passaram quase dois meses desde que o Ministério da Saúde anunciou a aplicação de mais um reforço, a quarta dose contra covid-19, em pacientes imunossuprimidos a partir de 18 anos. Mas infelizmente somente 1.853 pessoas desse grupo, que vivem em Pernambuco, receberam esse segundo aplicação da vacina. O número corresponde a apenas 3,2% dos 58.150 indivíduos residentes no Estado e que têm alguma imunossupressão grave, como pessoas que vivem com HIV ou que passaram por um transplante e, por isso, necessitam de medicamentos imunossupressores por toda a vida. Nesta terça-feira (15), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) também autorizou, em nota técnica, que adolescentes imunocomprometidos, incluindo gestantes e puérperas, de 12 a 17 anos recebam a quarta dose.
Elas fazem parte de um grupo cujo sistema imunológico não funciona como deveria e, dessa maneira, ficam menos protegidas contra vírus, bactérias e outros agentes infecciosos, em comparação às pessoas que não têm imunossupressão severa. "A quarta dose foi liberada para esse público num momento (dezembro de 2021) em que o Brasil vivia queda no número de casos e mortes. Com isso, muita gente teve a falsa impressão de que a pandemia estava sob controle e foi adiando a aplicação da dose", diz a superintendente de Imunizações de Pernambuco, Ana Catarina de Melo. "Agora é preciso fazer uma força-tarefa para resgatar essas pessoas com imunossupressão grave para que sejam vacinadas com a quarta dose", acrescenta.
Enfermeira e especialista em gestão em saúde coletiva, Ana Catarina comanda toda a distribuição das vacinas contra a covid-19 no Estado e tem organizado o trabalho, de porta a porta, com as equipes do programa Vacina Mais Pernambuco, com a meta de ofertar a vacinação contra o coronavírus em áreas de difícil acesso. Agora, ela faz um chamado para o público de imunossuprimidos graves, do qual ela também faz parte. "Tenho uma condição chamada de Rhupus, em que ocorre a sobreposição do lúpus eritematoso sistêmico e da artrite reumatoide. O meu tratamento é feito com metotrexato. Por essa condição, faço parte do grupo de imunossuprimidos graves", conta Ana Catarina, que tomou a quarta dose em janeiro.
Nesse atual cenário de baixa adesão à quarta dose, é importante que os municípios façam um trabalho de busca ativa das pessoas que vivem com alguma condição que favorece a baixa de imunidade. Com a baixíssima cobertura da quarta dose nesse público em Pernambuco, há um maior risco de adoecimento por covid-19 e complicações decorrentes da doença.
Adolescentes
A segunda dose de reforço também foi recomendada no Brasil, na última semana, para os adolescentes (a partir dos 12 anos) que fazem parte do grupo prioritário de imunocomprometidos. No dia 9 deste mês, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica sobre a ampliação dessa dose para quem tem de 12 a 17 anos e apresenta alguma condição que se encaixa na prioridade de imunossuprimidos. O Estado de Pernambuco segue o governo federal e atualizou as recomendações para administração do esquema primário e dose de reforço de vacinas contra a covid-19 em pessoas imunocomprometidas no Estado de Pernambuco.
"Adolescentes imunocomprometidos, incluindo gestantes e puérperas imunocomprometidas, de 12
a 17 anos de idade, poderão receber receber três doses no esquema primário (duas doses e uma
dose adicional ou terceira dose) com intervalo de 2 meses, e uma dose de reforço que deverá ser
administrada a partir de quatro meses do esquema primário", informa, em nota técnica, a Secretaria Estadual de Saúde. O documento ainda destaca que adolescentes imunocomprometidos deverão receber obrigatoriamente o imunizante Pfizer.
Segundo a 12ª edição do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, são nove os grupos de pessoas com alto grau de imunossupressão. São eles: imunodeficiência primária grave, quimioterapia para câncer, transplantados de órgão sólido ou de células tronco hematopoiéticas (TCTH) em uso de drogas imunossupressoras; pessoas vivendo com HIV/aids; uso de corticoides em doses 20 mg/dia de prednisona, ou equivalente, por 14 dias; uso de drogas modificadoras da resposta imune (como metotrexato, adalimumabe e tocilizumabe, entre outras); autoinflamatórias, doenças intestinais inflamatórias; pacientes em hemodiálise; pacientes com doenças imunomediadas inflamatórias crônicas.