O famoso biólogo japonês Katsuhiko Hayashi anunciou em Londres nesta quarta-feira (8), durante o terceiro Encontro Internacional de Pesquisadores do Genoma Humano, que seu laboratório na Universidade de Osaka conseguiu gerar um embrião a partir da fecundação de duas células de origem masculinas.
No experimento, os cientistas colheram células da pele dos camundongos machos, formadas por um cromossomo X e outro Y, e as transformaram em células-tronco pluripotentes, que podem se transformar em qualquer tipo de célula do corpo.
Na célula-tronco, o cromossomo Y foi deletado e o X foi duplicado, transformando-a em um ovócito (XX), célula que dá origem ao óvulo. Este, então, foi fecundado por um espermatozoide, originando o embrião.
A formação do embrião não ficou totalmente isenta da participação de uma fêmea, pois teve que ser implantado em um útero feminino para se desenvolver.
Quais são as dificuldades no experimento de produção de gametas?
A produção de gametas por si só é um processo muito complexo, e a reprodução in vitro é ainda mais difícil. Os ovos produzidos em laboratório têm qualidade inferior e, por isso, a quantidade de embriões viáveis é menor.
A técnica ainda está em estágio inicial e tem pouca eficácia: dos 630 embriões implantados nos úteros das fêmeas, apenas sete nasceram - mas todos cresceram com saúde e se tornaram férteis.
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Quais serão os próximos passos do experimento?
Agora, os próximos passos serão o aperfeiçoamento da técnica e as tentativas para replicação do experimento com células humanas.
“Não sei se esse tipo de tecnologia poderá ser adaptada para a sociedade”, disse Hayashi para a revista Nature. De acordo com ele, além do refinamento de técnica também será necessário uma discussão sobre as implicações éticas desse método.
"Haverá provavelmente uma proporção significativa da população que não se oporá a esta possibilidade, mas outros vão se opor por motivos religiosos ou por outras razões”, diz o biólogo Robin Lovell-Badge.
Conhecido pelo seu envolvimento em debates internacionais sobre células-tronco, o especialista continua: “Levará tempo para debatermos com os argumentos a favor desta tecnologia”.
O feito ainda é um marco científico na biogenética, e é uma esperança não só para casais homoafetivos que querem ter seus filhos derivados de seu próprio material genético, mas também para indivíduos inférteis e famílias monoparentais.
REFERÊNCIAS:
Nature - https://www.nature.com/articles/d41586-023-00717-7#:~:text=In%202018%2C%20one%20team%20reported,%3A%20why%2C%20and%20what's%20next%3F. Acesso em 13/03/2023.