ANABOLIZANTES: 16 DOENÇAS e COMPLICAÇÕES que podem ser causadas por uso de anabolizantes

Médicos de todo o Brasil estão proibidos de indicar tratamento com esteroides anabolizantes com objetivos estéticos e ganho de desempenho físico
Cinthya Leite
Publicado em 11/04/2023 às 11:49
Uso disseminado de esteroides anabolizantes por aqueles que desejam melhorar a aparência e o condicionamento físico tornou-se uma verdadeira epidemia mundial Foto: Vladimirs Poplavskis/Freepik Banco de Imagens


O Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu a prescrição médica de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes para fins estéticos, ganho de massa muscular e/ou melhora do desempenho esportivo.

O CFM entende que não há comprovação cientifica suficiente para sustentar a segurança e o benefício dos esteroides androgênicos e anabolizantes. 

Agora, com a aprovação do documento, médicos de todo o Brasil estão proibidos de indicar tratamento com esteroides anabolizantes com os objetivos estéticos e ganho de desempenho físico. 

O uso de anabolizantes para fins de ganho de desempenho, estéticos ou como agentes antienvelhecimento não tem qualquer base científica e é acompanhado de riscos bem descritos na literatura.

A utilização de esteroides anabolizantes por atletas de competição é proibido pelo Comitê Olímpico Internacional desde a década de 1970.

A situação é grave: o uso disseminado de esteroides anabolizantes por aqueles que desejam melhorar a aparência e o condicionamento físico tornou-se uma verdadeira epidemia mundial

Esse cenário deve ser considerado um grande problema social e de saúde pública no Brasil.

Os efeitos adversos da testosterona, nos casos de abusos, podem ser severos, irreversíveis e potencialmente fatais, uma vez que são usadas doses até 15 vezes maiores que as doses clínicas preconizadas, muitas vezes em preparações manipuladas sem qualquer controle sanitário.

DOENÇAS CAUSADAS PELOS ESTEROIDES ANABOLIZANTES 

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), as complicações e os efeitos colaterais do abuso com esteroides anabolizantes incluem: 

  1. infertilidade
  2. ginecomastia (desenvolvimento anormal de mamas em homens)
  3. acne
  4. calvície
  5. hepatotoxicidade (dano causado ao fígado por ingestão de substâncias como álcool, drogas, alguns chás e anti-inflamatórios e esteroides anabolizantes)
  6. perturbações psiquiátricas (comportamento agressivo e suicida, depressão e risco de crimes aumentado)
  7. dependência
  8. abscessos cutâneos e musculares (bolsas de pus na pele e músculos)
  9. lesões ortopédicas (decorrentes de traumatismos, quedas e fraturas) 
  10. nas mulheres - hirsutismo (aumento da quantidade de pelos no corpo da mulher em locais comuns ao homem), engrossamento da voz, clitoromegalia (aumento atípico do clitóris) e alopecia androgênica (perda permanente de cabelo do couro cabeludo)
  11. hipogonadismo entre homens jovens (sendo responsável por 43% dos casos). Hipogonadismo é o mau funcionamento das gônadas, que são os testículos nos homens e os ovários nas mulheres
  12. elevação de LDL (colesterol ruim)
  13. redução de HDL (colesterol bom)
  14. hipertensão
  15. arritmias (frequência cardíaca anormal, seja irregular, acelerada ou muito lenta)
  16. morte súbita

ANABOLIZANTES: O QUE SÃO, EFEITOS NA SAÚDE E RISCOS; VEJA VÍDEO ABAIXO

 

 

CFM PROÍBE PRESCRIÇÃO DE ANABOLIZANTES 

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) aplaude a decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM) que aprovou a Resolução CFM no 2.333/2023, sobre o uso de terapias hormonais para fins estéticos e de desempenho físico.

Com a aprovação do documento, passa a ser proibido que médicos no Brasil indiquem tratamento com esteroides anabolizantes com esse finalidade. 

"Esta resolução é uma vitória da boa medicina e da ciência. Ela protege a sociedade de uma narrativa que vinha sendo contada de que existe segurança no uso de terapias hormonais para essas finalidades e em doses suprafisiológicas, o que não é corroborado pelas evidências científicas disponíveis e coloca em risco a vida dos pacientes", alerta o endocrinologista Paulo Augusto Miranda, presidente da SBEM.

O debate se faz urgente, principalmente pelo número crescente de publicações em redes sociais que incentivam a prática e pelos casos de complicações aumentando a cada dia nos consultórios. 

O QUE SÃO ESTEROIDES E PARA QUE SERVEM? 

A testosterona é o hormônio responsável pelo desenvolvimento de características sexuais masculinas.

Os esteroides anabolizantes e similares foram criados através da modificação da molécula de testosterona na tentativa de ampliar seus efeitos anabolizantes e reduzir seus efeitos virilizantes.

A reposição terapêutica de testosterona, segundo a SBEM, está indicada nestas situações: 

  1. Deficiência diagnosticada em homens, quadro clínico denominado hipogonadismo, cujos critérios diagnósticos são bem estabelecidos por diretrizes de várias sociedades médicas publicadas na literatura.
  2. O uso da testosterona também está indicado para terapia hormonal cruzada no cuidado à pessoa com incongruência de gênero ou transgênero.

Com a resolução aprovada pelo CFM, o endocrinologista Paulo Augusto Miranda, presidente da SBEM, esclarece que fica preservada a indicação dos hormônios para tratamentos com base científica comprovada. Nesse ponto, entram os casos de deficiência hormonal, como no hipogonadismo masculino, e na terapia de afirmação de gênero.

O QUE OS ESTEROIDES CAUSAM? 

Ainda segundo o presidente da SBEM, mesmo com a resolução, o compromisso da entidade com a orientação e o esclarecimento da população com relação ao tema continua.

"Temos inúmeras ações de conscientização sobre o assunto já programadas para seguir expondo os riscos do uso inadequado de hormônios e seus malefícios para saúde como um todo, que vão desde a estética, com o aumento da acne e da calvície, até infertilidade, problemas cardíacos, perturbações psiquiátricas, dependência e morte", adverte.

Os endocrinologistas da SBEM lutam por uma regulamentação sobre a prescrição de hormônios esteroides há muitos anos.

Ao longo deste tempo, foram inúmeras reuniões, cartas abertas, posicionamentos e notas oficiais para alertar sobre o uso inadequado dessas substâncias.

"Um dos documentos que enviamos ao CFM foi um ofício no qual incitávamos uma ação do órgão mediante nossa preocupação tanto com o aumento importante de prescrição de esteroides anabolizantes, como de cursos voltados para área médica com esse intuito", diz Paulo Miranda.

Até a publicação dessa resolução, a prescrição de hormônios sem embasamento científico, por médicos e outros profissionais da saúde, poderia gerar penalização pelos conselhos profissionais pela má prática da medicina, no caso de gerarem no paciente efeitos adversos e complicações ao paciente.

No entanto, cabia ao paciente essa denúncia.

Agora, com a resolução, essa passa a ser uma conduta que infringe direta e claramente uma determinação do CFM.

"A prescrição de qualquer hormônio requer acompanhamento especializado. A utilização dessas substâncias com finalidade estética e de ganho de desempenho físico esportivo era feita muitas vezes sem critério, sem acompanhamento e em doses suprafisiológicas, 5 a 15 vezes superiores, gerando potencial dano à saúde", ressalta Paulo Miranda.

 

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