Anabolizantes podem causar dependência química e outros efeitos colaterais
Agressividade e irritabilidade são alguns dos efeitos contrários
Em uma semana, duas atletas brasileiras foram flagradas em exames antidoping. Primeiro, a represente do Brasil no CrossFit Games 2021, Larissa Cunha, foi barrada. Depois, já nas Olimpíadas de Tóquio, a jogadora de vôlei Tandara foi eliminada. Ambas apresentaram a presença de Ostarine e os dois casos estão relacionados à busca por melhor desempenho em seus esportes, mas no dia a dia, a busca pelo corpo perfeito, com músculos torneados, faz pessoas de todas as idades e classes sociais buscarem atalhos e recorrerem ao uso de esteroides androgênicos anabólicos, os populares anabolizantes. Os prejuízos físicos são muito lembrados, mas pouco de fala dos perigos para a saúde mental.
De acordo com o médico endocrinologista Yago Fernandes, o que acontece é que o Ostarine usa os mesmos receptores da testosterona no tecido ósseo e muscular. "Essa ligação estimula a síntese de proteínas, promovendo o aumento do músculo. Ele ocupa o mesmo receptor da testosterona, mas não é testosterona! Por esse motivo ele entra na classe de anabolizante. Ajudando no aumento da força e da massa muscular. Por esse motivo é considerado um anabolizante. Sendo proibido na competição”, explica o profissional.
Mas, em linhas gerais, o que já se sabe é que uso inapropriado de anabolizantes causa doenças cardiovasculares, alterações de humor, fim prematuro da fase de crescimento em jovens, distúrbios da função do fígado, psicose, coágulos no sangue e problemas de pressão arterial e até impotência sexual. Mas o médico Marcos Cesar Staak Júnior, especialista no tema, alerta que até 57% dos usuários desenvolvem dependência.
"Durante o uso de esteroides podem surgir episódios de hipomania, mania franca, alterações de humor, agressividade, irritabilidade, distúrbios de imagem e baixa autoestima. Estima-se que 14-57% dos usuários desenvolvem dependência e, em grande parte desses casos, ela é de origem psicológica", explica o médico.
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Especialista alertam ainda que quem usa "bombas" também pode apresentar alteração comportamentais com explosões de ira, paranoia, alucinações e psicoses. Mas, segundo o médico Marcos Cesar Staak Júnior esses quadros são reversíveis. "Alguns pilares para entender a situação do seu paciente são: Identificar o que foi usado, a origem do que foi usado e a duração do uso. Além disso, deve-se analisar resultados laboratoriais adequadamente e trabalhar com uma equipe multidisciplinar", explica.
Ele completa:
Principais perigos dos anabolizantes
- Aumento de acnes no rosto;
- Queda de cabelo;
- Distúrbios da função do fígado;
- Coágulos de sangue, que aumentam o risco de trombose;
- Retenção de líquidos;
- Diabetes;
- Crescimento de tumores, especialmente câncer de mama, câncer de próstata e câncer de intestino.
O que são anabolizantes?
São substâncias artificiais que, quando consumidas, comportam-se de forma parecida com os hormônios naturais, especialmente a testosterona. Na prática, as moléculas dos anabolizantes penetram no núcleo das células e alteram os processos metabólicos. Com isso, os músculos passam a absorver mais proteínas, favorecendo o ganho de massa muscular e o rendimento nos treinos.
No caso das mulheres, o uso de anabolizantes pode gerar características masculinas no corpo, como o surgimento de pelos além do normal e o engrossamento da voz. As substâncias também podem afetar a menstruação e os seios.
Até agora, ainda não existe forma segura na utilização de hormônios para fins estéticos. Para quem quer aumentar massa magra e muscular, o melhor caminho é alimentação equilibrada e a atividade física, principalmente as aeróbicas.