Preocupada com o alto risco de falta de insulina de ação rápida no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de maio, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) publicou uma nota em que cobrando ações urgentes para evitar o desabastecimento da medicação, indicada para pacientes com diabetes dos tipos 1 e 2.
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) constatou alto risco de falta de insulina de ação rápida na rede pública a partir do próximo mês.
A possibilidade existe, segundo o TCU, pela falta de propostas nos dois pregões mais recentes para a aquisição de insulina (pregões 99/2022 e 10/2023); pelo estoque insuficiente do produto, que cobriria as necessidades dos pacientes apenas até este mês de abril; e pela impossibilidade de realizar novos aditivos aos contratos existentes.
A insulina de ação rápida é utilizada para manter o controle da glicemia toda vez que a pessoa com diabetes faz alguma refeição ou quando a taxa de glicose sobe acima do valor ideal e faz com que volte aos níveis adequados para o organismo.
Por ter uma ação rápida, como o próprio nome diz, essa insulina é fundamental para o controle da diabetes.
A terapia utilizando a insulina de longa ação e a de ação rápida é indicada para a maioria das pessoas com diabetes do tipo 1 e é fundamental para a manutenção da vida delas.
A diabetes atinge cerca de 400 milhões de pessoas em todo o mundo.
É uma doença prevalente não apenas pelo número de casos, como também por suas comorbidades, já que a diabetes é a primeira causa de cegueira e de amputações de membros inferiores, bem como de doenças cardiovasculares.
Na nota de esclarecimento, a SBEM detalha sobre a ação das insulinas e reforça que é uma medicação usada no dia a dia de quem tem diabetes, de três a quatro vezes por dia, especialmente em pacientes jovens, adolescentes ou pessoas com diabetes do tipo 1.
"A falta da insulina de ação rápida pode agravar o quadro da pessoa com diabetes e gerar diversas complicações. A SBEM ressalta que a falta do medicamento pode acarretar grandes prejuízos à saúde desta população", diz a entidade médica.
A SBEM manifestou preocupação diante do alerta do TCU para o alto risco de desabastecimento de insulina de ação rápida a partir de maio.
A falta da insulina de ação rápida, segundo ressalta a SBEM, pode desencadear o aumento da glicemia e, consequentemente, levar a um quadro de cetoacidose (condição em que há descompensação da glicemia, que leva à desidratação e pode culminar em perda da consciência) e, em casos mais graves, no coma de cetoacidose.
Dessa maneira, a SBEM cobra das autoridades iniciativas de urgência para evitar o desabastecimento.
Em Pernambuco, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), por meio da Farmácia do Estado, informou ao JC que tem mantido frequente contato com o Ministério da Saúde e acompanha todas as ações de distribuição e fornecimento da insulina.
"Atualmente, tanto os estoques como a dispensação das insulinas análogas de ação rápida encontram-se em situação regular", garante, em nota, a SES-PE.
"Informamos que a Diretoria Geral de Assistência Farmacêutica está ciente do risco de desabastecimento e afirma que os motivos fogem da administração do Estado, devido à dificuldade produtiva e de fornecimento das empresas farmacêuticas que possuem registro de comercialização no Brasil", acrescentou a secretaria.