DOAÇÃO DE ÓRGÃOS: Família de vítima de traumatismo cranioencefálico doa órgãos e beneficia 4 pessoas em fila de espera

Gesto da família do jovem foi capaz de fazer renascer quatro pessoas. Foram doados o coração, o fígado e os dois rins
Cinthya Leite
Publicado em 25/05/2023 às 19:58
Em Pernambuco, 2.320 pessoas estão na fila de espera por um órgão ou tecido. A maior fila é por rim (1.171), seguido de córnea (989) e fígado (106) Foto: SÉRGIO BERNARDO/ACERVO JC IMAGEM


Um jovem de 21 anos, vítima de um traumatismo cranioencefálico (lesão cerebral que geralmente ocorre como resultado de um colisão no trânsito, quedas ou violência), não resistiu ao trauma e infelizmente evoluiu com morte encefálica - diagnóstico norteado por critérios rígidos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

A confirmação de morte encefálica possibilita a doação do coração, rins, pâncreas, fígado e córneas. É um momento em que as Organizações de Procura de Órgãos (OPO) e as Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs) entram em ação para conversar com os parentes da vítima e dar informações sobre o processo de doação de órgãos.

A família desse jovem de 21 anos disse sim à doação quando foi abordada no Hospital da Restauração (HR), onde o rapaz estava internado. Num momento de dor do luto, esse é um gesto de solidariedade e empatia.

"Sempre digo que, ao autorizar a doação dos órgãos de um ente querido, a família tem a maior atitude de altruísmo que existe. São pessoas que, no momento da tristeza, pensam no próximo", diz a gerente da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), Melissa Moura.  

O gesto da família desse jovem foi capaz de fazer renascer quatro pessoas. Foram doados o coração, o fígado e os dois rins. Os transplantes dos órgãos foram feitos na quarta-feira (24). 

"O coração foi para um homem de 24 anos, com insuficiência cardíaca grave, que estava em prioridade na fila de espera. O fígado beneficiou outro homem, de 56 anos, com cirrose hepática. Já os transplantes dos rins foram para duas mulheres com insuficiência renal crônica que estavam em diálise: uma de 23 anos e outra de 50 anos", informa Melissa. 

O transplante de coração foi realizado no Pronto-Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco - Prof. Luiz Tavares (Procape) e o de fígado no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc). As duas unidades de saúde ficam em Santo Amaro, área central do Recife, e fazem parte do Complexo Hospitalar da Universidade de Pernambuco (UPE)

A estratégia para a realização dos transplantes contou com 23 horas de trabalho das equipes multiprofissionais e o envolvimento de praticamente todas as áreas dos hospitais. As ações foram coordenadas pela equipe dos dois hospitais e pela superintendência hospitalar da UPE.

“Mais uma vez a nossa equipe de saúde se destaca em ações pioneiras, como a realização do transplante cardiológico 100% SUS, efetivado no Procape em 2023", destaca a reitora da UPE, Socorro Cavalcanti.

Os pacientes receptores do fígado e do coração estão clinicamente bem, dentro do esperado para o período de pós-operatório.

Os dois transplantes de rins foram realizados em pacientes do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, área central do Recife. Elas também permanecem em bom estado de saúde

Atualmente, 2.320 pacientes aguardam por um órgão ou tecido em Pernambuco. A maior fila é por rim (1.171), seguida de córnea (989), fígado (106), medula óssea (31), rim/pâncreas (16) e coração (7).

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