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Saúde e Bem-estar

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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: cientistas descobrem com a ajuda de IA, novo antibiótico capaz de matar superbactéria

Os pesquisadores focaram na espécie Acinetobacter baumannii, descrita pela OMS como uma das três superbactérias mais "críticas"

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Mirella Araújo

Publicado em 27/05/2023 às 12:30 | Atualizado em 27/05/2023 às 13:09
As superbactérias geralmente, sobrevivem em superfícies e equipamentos médicos e infecta feridas, causando pneumonia e levando à quadros graves de saúde - Reprodução/Internet

Do Estadão Conteúdo

Um novo antibiótico capaz de matar uma espécie mortal de superbactéria foi descoberto por cientistas da Universidade McMaster, no Canadá. Para chegar até o medicamento experimental, chamado "abaucin", os pesquisadores tiveram a ajuda de inteligência artificial.

Agora, o novo antibiótico passará por testes de segurança antes de ser utilizado em pessoas. Essa é a primeira prova de que a IA pode ser utilizada no desenvolvimento rápido de medicamentos, afirmam os pesquisadores.

As superbactérias são um desafio para a medicina. São evoluções de espécies que desenvolvem resistência aos antibióticos comumente utilizados pelos médicos e por isso exigem estudos constantes para criação de novos medicamentos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa é de que mais de um milhão de pessoas morrem todos os anos por infecções que resistem ao tratamento com antibióticos no mundo.

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Neste estudo, os pesquisadores focaram na espécie Acinetobacter baumannii, descrita pela OMS como uma das três superbactérias mais "críticas". Capaz de captar o DNA de outras espécies de bactérias no ambiente, incluindo genes de resistência a antibióticos, ela é resistente a quase todos os antibióticos.

Jonathan Stokes, um dos responsáveis pelo estudo, descreve a superbactéria como "inimigo público número um". Isso porque, além de ser extremamente resistente, ela também é muito comum em hospitais e casas de repouso. Geralmente, sobrevive em superfícies e equipamentos médicos e infecta feridas, causando pneumonia e levando à quadros graves de saúde.

Inteligência artificial à serviço da medicina

No estudo da universidade canadense, a inteligência artificial ajudou a reduzir milhares de produtos químicos em potencial a um conjunto que poderia ser testado em laboratório contra a superbactéria. Os resultados foram publicados na revista científica Nature Chemical Biology.

Os cientistas utilizaram drogas conhecidas e com estrutura química exata em testes manuais para ver qual seria capaz de retardar ou matar a Acinetobacter baumannii. Depois, inseriram essas informações na plataforma de inteligência artificial para que ela pudesse aprender as características químicas das drogas que poderiam atacar a bactéria.

A tecnologia foi colocada para rastrear, então, uma lista de 6 680 compostos cuja eficácia era desconhecida. Em uma hora e meia, chegou a uma lista restrita de cerca de 240.

Por fim, os pesquisadores testaram as substâncias selecionadas pela inteligência artificial e encontraram nove antibióticos em potencial. Um deles, a abaucin, se demonstrou extremamente potente nos testes em laboratório: é capaz de tratar feridas infectadas em camundongos e matar amostras da superbactéria.

Os próximos passos, segundo Stokes, são aperfeiçoar o medicamento em laboratório e realizar ensaios clínicos. A expectativa é de que em 2030 o antibiótico esteja disponível para ser prescrito a pacientes.

Os testes mostraram que o abaucin não tem efeito sobre outras espécies de bactérias, apenas na Acinetobacter baumannii. A descoberta surpreendeu os cientistas da McMaster, já que muitos antibióticos matam bactérias indiscriminadamente.

O pronto positivo é que os pesquisadores acreditam que essa precisão da abaucin tornará mais difícil o surgimento de resistência da superbactéria ao medicamento e pode levar a menos efeitos colaterais.

Segundo os pesquisadores, para além da descoberta do novo antibiótico, o experimento provou que a inteligência artificial consegue acelerar massivamente a descoberta de novos medicamentos de maneira geral.

"As abordagens de inteligência artificial para a descoberta de medicamentos vieram para ficar e continuarão a ser refinadas", diz James J. Collins, professor de engenharia médica e ciência no MIT, em publicação da McMaster.

"Sabemos que os modelos algorítmicos funcionam, agora é uma questão de adotar amplamente esses métodos para descobrir novos antibióticos de maneira mais eficiente e econômica", completa o especialista.

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