O Ministério da Saúde vai destinar mais de R$ 1,5 milhão para ações de fortalecimento da vigilância e enfrentamento a arboviroses (dengue, chicungunha e zika) em Pernambuco.
Além do repasse para o Estado, serão destinados R$ 2,9 milhões para nove municípios pernambucanos.
Os recursos serão efetivados até o fim deste ano, em parcela única.
O governo federal diz monitorar o cenário epidemiológico das arboviroses no Brasil, já que o momento pede alerta, diante do início do período de chuvas, quando o número de casos tradicionalmente começa a aumentar.
Para Pernambuco, o recurso chega num momento em que o Estado confirma a circulação do sorotipo 3 da dengue, que estava sem predominar, nos surtos de arboviroses no Estado, há 15 anos.
O sorotipo 3 da dengue apresentou rápida dispersão para todo o País no período de 2001 a 2003. Em Pernambuco, não foi diferente naqueles anos. Já em 2015 e 2016, no Estado, chamou a atenção a circulação dos quatro sorotipos da dengue (dengue 1, dengue 2, dengue 3 e dengue 4). Passado esse período, não foram registrados grandes surtos.
O sorotipo 3 do vírus da dengue já foi detectado, neste ano, em Roraima, na região Norte; no Paraná, no Sul; e em São Paulo. Dessa maneira, especialistas acendem o alerta para o risco de uma nova onda da doença causada por esse sorotipo viral.
A preocupação é maior em locais onde atualmente há uma calmaria em relação à incidência da dengue, como Pernambuco e Rio de Janeiro.
Esse foi um dos motivos para a antecipação do lançamento, no último dia 21 de novembro, do Plano de Contingência das Arboviroses do Estado de Pernambuco para o ano de 2024.
"É importante salientar que, diferentemente da chicungunha e da zika, que só possuem um sorotipo e infectam as pessoas apenas uma vez, a dengue possui quatro sorotipos diferentes. Um cuidado a mais nesse tipo de circulação é que pessoas que pegaram outros sorotipos, em outras circunstâncias, acabam por ficar mais vulneráveis a desenvolver a dengue em sua forma mais grave", explica o diretor-geral de Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador da SES-PE, Eduardo Bezerra.
O infectologista Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), traçou recentemente, em coletiva de imprensa, um panorama do cenário da dengue, que tem chamado a atenção pelo aumento do número de casos recentemente, especialmente nos Estados do Sudeste e Sul do País.
Questionado pela reportagem do JC por que os Estados do Nordeste, como Pernambuco, continuam a apresentar um cenário de calmaria em relação à dengue e outras arboviroses, Chebabo disse que a explicação pode estar no fato de boa parte da população da região ter ficado imunizada após o período de tríplice epidemia (dengue, chicungunha e zika) vivido nos anos de 2015 e 2016.
Por outro lado, ele diz que o panorama de calmaria na região sinaliza um maior risco de ressurgimento de surtos decorrentes do sorotipo 3 do vírus da dengue.
A questão é que a circulação de um tipo de dengue, há tanto tempo ausente, preocupa os especialistas. Eis a razão: o risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, já que poucas pessoas foram infectadas por esse vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000.
Vale explicar que o vírus da dengue possui quatro sorotipos. A infecção por um deles gera imunidade contra o mesmo sorotipo, mas é possível ser infectado novamente se houver contato com um sorotipo diferente.
Existe ainda o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo.
PREVENÇÃO DA DENGUE
Diante desse cenário, a SES-PE reforça a necessidade de medidas para amenizar a transmissão do vírus.
Por isso, a população deve estar atenta para eliminar os focos do Aedes aegypti.
Entre as ações a serem adotadas e que precisam ser constantemente revisitadas, estão: não juntar entulhos que possam promover o acúmulo de água, limpeza de vasos, calhas e demais locais usados para o armazenamento de água, como caixas d'água, baldes, garrafas e vasos de plantas, além do uso de repelentes.
SINTOMAS DA DENGUE
Em caso de sintomas como febre e manchas na pele, além de dor nos olhos, conjuntivite, dor no corpo e nas articulações, dores de cabeça ou outra manifestação, é fundamental buscar atendimento médico.
O diagnóstico precoce é fundamental para evitar o agravamento da doença ou um possível óbito.