O primeiro boletim epidemiológico de arboviroses de 2024, da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE), confirma o primeiro caso de dengue do Estado. O paciente infectado mora em Olinda, no Grande Recife. É um bebê de 3 meses do sexo masculino.
O caso, segundo a SES-PE, foi notificado pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, área central do Recife.
A confirmação para dengue foi feita por critério clínico-epidemiológico.
Ao JC, a Prefeitura de Olinda, através da Secretaria Municipal de Saúde, disse que ainda iria solicitar informações (não informou a qual órgão) sobre o atual quadro de saúde do bebê.
"A Secretaria de Saúde de Olinda informa que já deu início ao processo de investigação do caso da criança, acolhida em uma unidade de saúde do Recife. Conforme os dados já recebidos, o menor não recebeu confirmação de dengue por sorologia, mas apenas por apresentação de sintomas iniciais compatíveis. A Secretaria de Saúde de Olinda solicitou informações do atual quadro clínico para dar seguimento ao devido processo de acompanhamento e assistência", informou, em nota.
É importante frisar que já é bem estabelecido, pelo Ministério da Saúde, que, na impossibilidade de realização de confirmação laboratorial específica ou para casos com resultados laboratoriais inconclusivos, é possível considerar a confirmação de dengue por vínculo epidemiológico com um caso confirmado laboratorialmente.
O boletim da SES-PE ainda informa que a primeira semana epidemiológica do ano, que terminou no dia 6 de janeiro, registrou 44 casos prováveis (inclui o caso confirmado e outros 43 em investigação) de dengue.
Além disso, também foi confirmado o primeiro caso de chicungunha do Estado. A paciente é uma mulher de 56 anos, moradora do Recife, e notificada pelo Hospital Geral de Areias, localizado no bairro da Estância, na Zona Oeste da capital pernambucana.
A confirmação para chicungunha foi feita por critério clínico-epidemiológico.
A reportagem do JC entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) para saber informações sobre o atual quadro de saúde da paciente e aguarda um retorno.
O boletim da SES-PE ainda informa que a primeira semana epidemiológica do ano registrou 8 casos prováveis (inclui o caso confirmado e outros 43 em investigação) de chicungunha.
Não houve casos registrados de zika, em Pernambuco, na primeira semana deste ano.
Em alerta para possível epidemia de dengue, Pernambuco receberá R$ 4,5 milhões do Ministério da Saúde para combater arboviroses
O Ministério da Saúde destinou mais de R$ 1,5 milhão para ações de fortalecimento da vigilância e enfrentamento a arboviroses (dengue, chicungunha e zika) em Pernambuco.
Além do repasse para o Estado, foram destinados R$ 2,9 milhões para nove municípios pernambucanos.
O governo federal diz monitorar o cenário epidemiológico das arboviroses no Brasil, já que o momento pede alerta, diante do início do período de chuvas, quando o número de casos tradicionalmente começa a aumentar.
Para Pernambuco, o recurso chega num momento em que o Estado confirma a circulação do sorotipo 3 da dengue, que estava sem predominar, nos surtos de arboviroses no Estado, há 15 anos.
O sorotipo 3 da dengue apresentou rápida dispersão para todo o País no período de 2001 a 2003. Em Pernambuco, não foi diferente naqueles anos. Já em 2015 e 2016, no Estado, chamou a atenção a circulação dos quatro sorotipos da dengue (dengue 1, dengue 2, dengue 3 e dengue 4). Passado esse período, não foram registrados grandes surtos.
O sorotipo 3 do vírus da dengue já foi detectado, neste ano, em Roraima, na região Norte; no Paraná, no Sul; e em São Paulo. Dessa maneira, especialistas acendem o alerta para o risco de uma nova onda da doença causada por esse sorotipo viral.
A preocupação é maior em locais onde atualmente há uma calmaria em relação à incidência da dengue, como Pernambuco e Rio de Janeiro.
Esse foi um dos motivos para a antecipação do lançamento, em novembro de 2023, do Plano de Contingência das Arboviroses do Estado de Pernambuco para o ano de 2024.
"É importante salientar que, diferentemente da chicungunha e da zika, que só possuem um sorotipo e infectam as pessoas apenas uma vez, a dengue possui quatro sorotipos diferentes. Um cuidado a mais nesse tipo de circulação é que pessoas que pegaram outros sorotipos, em outras circunstâncias, acabam por ficar mais vulneráveis a desenvolver a dengue em sua forma mais grave", explica o diretor-geral de Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador da SES-PE, Eduardo Bezerra.
O infectologista Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), traçou recentemente, em coletiva de imprensa, um panorama do cenário da dengue, que tem chamado a atenção pelo aumento do número de casos recentemente, especialmente nos Estados do Sudeste e Sul do País.
Questionado pela reportagem do JC por que os Estados do Nordeste, como Pernambuco, continuam a apresentar um cenário de calmaria em relação à dengue e outras arboviroses, Chebabo disse que a explicação pode estar no fato de boa parte da população da região ter ficado imunizada após o período de tríplice epidemia (dengue, chicungunha e zika) vivido nos anos de 2015 e 2016.
Por outro lado, ele diz que o panorama de calmaria na região sinaliza um maior risco de ressurgimento de surtos decorrentes do sorotipo 3 do vírus da dengue.
A questão é que a circulação de um tipo de dengue, há tanto tempo ausente, preocupa os especialistas. Eis a razão: o risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, já que poucas pessoas foram infectadas por esse vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000.
Vale explicar que o vírus da dengue possui quatro sorotipos. A infecção por um deles gera imunidade contra o mesmo sorotipo, mas é possível ser infectado novamente se houver contato com um sorotipo diferente.
Existe ainda o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo.
PREVENÇÃO DA DENGUE
Diante desse cenário, a SES-PE reforça a necessidade de medidas para amenizar a transmissão do vírus.
Por isso, a população deve estar atenta para eliminar os focos do Aedes aegypti.
Entre as ações a serem adotadas e que precisam ser constantemente revisitadas, estão: não juntar entulhos que possam promover o acúmulo de água, limpeza de vasos, calhas e demais locais usados para o armazenamento de água, como caixas d'água, baldes, garrafas e vasos de plantas, além do uso de repelentes.
SINTOMAS DA DENGUE
Em caso de sintomas como febre e manchas na pele, além de dor nos olhos, conjuntivite, dor no corpo e nas articulações, dores de cabeça ou outra manifestação, é fundamental buscar atendimento médico.
O diagnóstico precoce é fundamental para evitar o agravamento da doença ou um possível óbito.