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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe
DENGUE

Testes de dengue aumentam 77% na rede privada em apenas um mês

Em relação à positividade, a porcentagem variou entre 18% e 24% nas quatro semanas em questão, atingindo o maior valor na semana de 31 de dezembro de 2023 a 6 de janeiro de 2024 (24%)

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Cinthya Leite

Publicado em 22/01/2024 às 15:21 | Atualizado em 22/01/2024 às 17:12
Número aumentado de testes mostra que as pessoas estão buscando a confirmação do diagnóstico ao sentirem sintomas associados à dengue - FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

Com o período de altas temperaturas e a temporada de chuvas na maior parte do Brasil, aumenta a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chicungunha.

Esse cenário gera preocupação, especialmente após o recorde histórico de 1.017 mortes por dengue em 2022 e um continuado aumento de casos em 2023. No ano passado, até o dia 27 de dezembro, o Brasil já havia batido recorde de óbitos por dengue, com 1.079 mortes, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan online).

Além disso, as mudanças climáticas, incluindo fenômenos como o El Niño, têm contribuído para a expansão do Aedes aegypti em regiões antes consideradas menos propensas à disseminação da dengue, como Centro-Oeste e Sul, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

Chamam a atenção, neste momento, dados preliminares fornecidos pelas associadas à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Observou-se um aumento de mais de 77% no número de exames de dengue realizados na rede privada em um período de quatro semanas, compreendido entre 16 de dezembro de 2023 e 13 de janeiro de 2024.

Na semana de 16 a 22 de dezembro de 2023, foram realizados 8.606 exames de dengue, sendo 18% positivos, enquanto de 7 a 13 de janeiro de 2024 foram 15.246 exames, com 22% positivos.

Em relação à positividade, a porcentagem variou entre 18% e 24% nas quatro semanas em questão, atingindo o maior valor na semana de 31 de dezembro de 2023 a 6 de janeiro de 2024 (24%).

Os números mostram que as pessoas estão buscando a confirmação do diagnóstico ao sentirem sintomas associados à doença, como febre alta, dores musculares, dor ao movimentar os olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.

Dessa maneira, a Abramed destaca a gravidade do risco de uma epidemia de dengue, a importância da conscientização da população sobre as medidas preventivas e a relevância dos serviços de diagnóstico médico na identificação e tratamento da doença.

"Caso esse cenário se concretize, os laboratórios clínicos terão papel fundamental na avaliação do risco de hemorragias, o que é fundamental para evitar mortes", declara o presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik. 

DENGUE: EXAMES E POSITIVIDADE 

Ao comparar as duas primeiras semanas epidemiológicas de 2023 e 2024, o número de exames registrou crescimento, mas o número de infectados se manteve praticamente constante.

Na primeira semana epidemiológica de 2023, foram realizados 9.744 exames, com 2.583 positivos, enquanto na primeira semana epidemiológica de 2024 foram 10.916 exames, com 2.666 positivos.

A variação em exames realizados foi de 12%, enquanto na positividade foi de 3%.

Na segunda semana epidemiológica de 2023, foram realizados 11.002 exames, com 3.418 positivos, enquanto na segunda semana epidemiológica de 2024 foram 15.246 exames, com 3.365 positivos. A variação em exames realizados foi de 39%, enquanto na positividade foi de -2%.

Vale ressaltar que os laboratórios clínicos associados à Abramed enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), o que contribui com o monitoramento epidemiológico pelo Ministério da Saúde.

Essas informações são essenciais para avaliar a situação da doença e orientar as medidas de saúde pública.

PRIMEIRAS DOSES DA VACINA CONTRA DENGUE CHEGAM AO BRASIL

No sábado (20), chegou ao Brasil a primeira remessa com cerca de 750 mil doses da vacina contra a dengue que será disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses da vacina fornecidas pela farmacêutica Takeda sem cobrança ao Ministério da Saúde.

Uma segunda remessa, com 570 mil doses, tem previsão para ser entregue em fevereiro.

Além dessas, o Ministério da Saúde adquiriu o quantitativo total disponível pelo fabricante para 2024 - 5,2 milhões de doses - que, de acordo com a previsão informada pela empresa, serão entregues ao longo do ano, até novembro.

Diante da capacidade limitada de fabricação de doses da vacina, cerca de 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas em 2024, já que o imunizante precisa de duas doses, com intervalo mínimo de três meses.

A remessa recebida no sábado (20) passa pelo processo de liberação da Alfândega e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em seguida, é enviada para o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). O Ministério da Saúde solicitou prioridade nessas etapas, e a previsão é que todo o desembaraço seja concluído ao longo da próxima semana.

O Ministério da Saúde acordou, em conjunto com Conass e Conasems - órgãos representantes de secretarias de Saúde de estados e municípios - os critérios para a definição dos municípios que irão receber as doses, seguindo as recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e da OMS.

As vacinas serão destinadas a regiões de saúde com municípios de grande porte com alta transmissão nos últimos dez anos e população residente igual ou maior a 100 mil habitantes, levando também em conta altas taxas nos últimos meses.

O público-alvo, em 2024, serão crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, depois de pessoas idosas, grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa. O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas.

A lista dos municípios e a estratégia de vacinação serão informadas pelo Ministério da Saúde nos próximos dias.

A previsão é que as primeiras doses contra dengue sejam aplicadas em fevereiro.

O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. O Ministério da Saúde incorporou a vacina contra a dengue em dezembro de 2023. A inclusão foi analisada de forma célere pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec), que recomendou pela incorporação.

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