A prática de exercícios físicos é um elemento crucial no tratamento do diabetes, e essa constatação não é novidade. Contudo, muitas pessoas não estão cientes das particularidades dos diversos tipos de exercícios em relação ao controle da glicose, perdendo a oportunidade de estabelecer as estratégias mais eficazes para otimizar seus resultados.
Exercício para diminuir glicose no sangue
Idealmente, indivíduos com diabetes devem incorporar tanto o exercício aeróbio (como caminhada rápida, corrida, ciclismo e natação) quanto o exercício resistido (envolvendo pesos livres, aparelhos de musculação, bandas elásticas ou o uso do próprio peso corporal) em sua rotina. Essas modalidades de exercícios têm efeitos distintos no controle do diabetes.
Ao contrário do exercício aeróbio, o exercício resistido pode resultar em um aumento temporário da glicemia durante sua execução, o que reduz o risco de hipoglicemia durante e após o exercício. Portanto, antecipar o exercício resistido em relação ao treino aeróbio pode ser uma estratégia eficaz para minimizar o risco de hipoglicemia, especialmente em pacientes que fazem uso de insulina.
De maneira interessante, a influência do exercício resistido sobre a glicemia parece também depender do horário do treinamento ao longo do dia. Isso foi evidenciado por um estudo recente realizado com adultos portadores de diabetes tipo 1 que utilizavam tanto múltiplas aplicações diárias quanto bombas de insulina.
Durante dois dias distintos, esses participantes realizaram duas séries de exercícios resistidos, com aproximadamente 40 minutos de duração cada. Em um dia, o exercício foi realizado pela manhã, em jejum, às 07h. Em outro dia, a mesma série de exercícios foi praticada à tarde, às 17h, após um lanche composto por uma barra de cereal contendo 19 gramas de carboidratos.
Nos dois dias, os participantes iniciaram o exercício com níveis semelhantes de glicemia. Quando o exercício foi realizado pela manhã, observou-se um leve aumento da glicemia, que se manteve elevada 6 horas após a atividade. No entanto, quando realizado à tarde, o exercício resultou em uma ligeira redução da glicemia, mantendo-se estável 6 horas após o treinamento.
Além disso, foi observada uma maior variabilidade nos níveis de glicose nas primeiras 6 horas após o exercício matinal. Embora a incidência de hipoglicemia não tenha diferido entre aqueles que praticaram o exercício de manhã ou à tarde, a hiperglicemia foi mais comum nas 6 horas seguintes ao treino matinal.
Com base nesses resultados, os pesquisadores sugeriram orientações práticas: indivíduos que percebem uma propensão à hipoglicemia durante o treinamento de força devem preferencialmente realizá-lo pela manhã. Por outro lado, quem observa uma maior tendência à hiperglicemia após o exercício resistido deve optar pela prática à tarde.
Entender essas nuances do exercício resistido nos permite compreender por que a glicemia pode se comportar de maneira tão distinta durante e após os treinos. Dessa forma, é possível agir proativamente, planejando estratégias eficazes para aproveitar ao máximo os benefícios oferecidos pelo treinamento de força.
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes