Também conhecida como tolerância diminuída à glicose ou resistência à glicose, a intolerância à glicose abrange várias condições metabólicas que resultam em níveis de glicose no sangue acima do normal, mas ainda não diagnosticáveis como diabetes, criando o que chamamos de pré-diabetes.
Com os estilos de vida ocidentais, temos observado um aumento progressivo da intolerância à glicose a cada ano.
Como a intolerância à glicose evolui?
Pelo menos metade das pessoas com intolerância à glicose desenvolverá diabetes nos próximos 10 anos. No entanto, a intolerância à glicose pode ser revertida para um estado normal com o tratamento adequado. Uma vez que o diabetes se desenvolve, não há cura, apenas controle da doença.
Quais são as características clínicas e sintomas da intolerância à glicose?
Inicialmente, a intolerância à glicose pode não apresentar sintomas, mas com o tempo, à medida que avança para o diabetes, os sintomas podem surgir. Nem todos os pacientes apresentarão sintomas e, quando presentes, podem não ser graves.
Os sintomas da intolerância à glicose são semelhantes aos do diabetes tipo 2:
- aumento da frequência e volume de urina (poliúria),
- aumento da sede (polidipsia),
- aumento da fome (polifagia),
- perda de peso inexplicada,
- fraqueza e fadiga,
- sonolência,
- infecções recorrentes,
- cicatrização lenta de feridas ou machucados e
- visão embaçada.
Um tipo especial de intolerância à glicose ocorre durante a gravidez e é chamado de diabetes gestacional. Durante o primeiro trimestre da gravidez, a tolerância à glicose geralmente melhora devido ao aumento da produção de insulina pelas células (beta) do pâncreas.
No entanto, nos dois últimos trimestres, a resistência à insulina aumenta aproximadamente três vezes mais do que em mulheres não grávidas. Esse quadro é reversível após o parto, a menos que a mulher tenha uma forte predisposição para o diabetes mellitus.
Níveis de açúcar no sangue
O teste mais comum para avaliar os níveis de açúcar no sangue é a glicemia de jejum, que envolve a coleta de sangue de uma veia após um período de jejum de 12 horas. Os resultados são interpretados da seguinte forma:
- Normal: abaixo de 100 mg/dL
- Pré-diabetes: entre 100 e 125 mg/dL
- Diabetes: acima de 126 mg/dL
Este teste é complementado pela hemoglobina glicosilada, que reflete os níveis de glicose no sangue nos últimos três meses. Outro teste é o teste oral de tolerância à glicose, que avalia a resposta do organismo a uma carga de glicose e fornece resultados após 2 horas. Os valores de referência para este teste são:
- Normal: abaixo de 140 mg/dL
- Tolerância diminuída à glicose: 141 a 199 mg/dL
- Diabetes: acima de 200 mg/dL
Como se trata a intolerância à glicose?
O tratamento da intolerância à glicose envolve três medidas principais que implicam em mudanças no estilo de vida:
- Perda de peso de pelo menos 7% do peso atual
- Dieta adequada, rica em vegetais, frutas, grãos integrais, legumes, laticínios, peixes, sementes e castanhas
- Atividade física regular de pelo menos 150 minutos por semana
Quando essas mudanças não são suficientes, pode ser necessária a medicação antidiabética, sendo a metformina geralmente a primeira opção.
Quais são as complicações da intolerância à glicose?
Se não tratada, a intolerância à glicose quase sempre evolui para diabetes mellitus, que pode causar complicações graves, como doenças cardíacas, neurológicas e renais, entre outras.
*Com informações de ABC Med