As complicações obstétricas do Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) abrangem desde parto prematuro até pré-eclâmpsia e o bebê pode nascer com peso elevado, enfrentando problemas como hipoglicemia e desconforto respiratório.
Vale ressaltar que mulheres diagnosticadas com DMG têm um risco maior de desenvolver Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), enquanto seus filhos têm uma probabilidade aumentada de desenvolver obesidade e DM2 ao longo da vida.
Como acontece o diabetes mellitus gestacional?
Durante a gestação, para permitir o desenvolvimento adequado do bebê, a mulher passa por alterações hormonais significativas. A placenta, por exemplo, torna-se uma fonte crucial de hormônios que diminuem a ação da insulina, responsável pela captação e uso da glicose pelo corpo. Em algumas mulheres, esse processo não ocorre conforme o esperado, levando ao desenvolvimento do diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento nos níveis de glicose no sangue.
Existem características específicas que aumentam o risco de complicações gestacionais, como histórico familiar de diabetes mellitus, exames anteriores com glicose alterada, sobrepeso antes ou durante a gravidez, histórico de gestação com bebê acima de 4 kg, histórico de aborto espontâneo inexplicado, hipertensão arterial, pré-eclâmpsia ou eclâmpsia em gestação anterior, síndrome dos ovários policísticos e uso de corticoides.
No Brasil, estima-se que afete 18% das gestações. Segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF), o DMG impacta cerca de 15% das gestações globalmente, resultando em aproximadamente 18 milhões de nascimentos anuais. É uma das complicações médicas mais frequentes durante a gravidez.
"É importante alertar que mulheres diabéticas (Tipo 1 ou Tipo 2) que engravidam não são consideradas portadoras de diabetes gestacional, que só aparece somente após iniciada a gravidez", explica a Dra. Patricia Dualib, endocrinologista e coordenadora do Departamento de Diabetes Gestacional da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Até quantas semanas pode fazer o exame de curva glicêmica?
O diabetes gestacional pode acometer qualquer mulher, e nem sempre seus sintomas são identificáveis. Por esse motivo, é recomendado que todas as gestantes realizem o teste de glicemia em jejum no início da gestação e, a partir da 24ª semana (início do 6º mês), verifiquem a glicose em jejum e, de maneira crucial, a glicemia após a ingestão de glicose, por meio do teste oral de tolerância à glicose.
"O pré-natal é essencial para a mãe e para o bebê, destaca a Dra. Patricia. "Nas consultas, o obstetra pode identificar a doença e iniciar o tratamento."
Como é o tratamento?
O tratamento do DMG é fundamentado em uma alimentação saudável, prática de atividade física e controle regular da glicemia capilar. As refeições devem ser distribuídas ao longo do dia, priorizando frutas, verduras, legumes e alimentos integrais em detrimento de gorduras. Se, mesmo com esses cuidados, os níveis de glicose permanecerem elevados, o médico pode indicar a administração de insulina para manter a glicose nos níveis desejados (jejum .
Sem tratamento, o diabetes gestacional pode ocasionar complicações para a gestante e o bebê. O excesso de glicose no sangue da mãe atravessa a placenta e atinge o feto. O pâncreas fetal passa a produzir uma quantidade excessiva de insulina na tentativa de controlar a hiperglicemia. Como a insulina estimula o crescimento e o ganho de peso, o feto pode crescer excessivamente, frequentemente nascendo com mais de 4 kg, o que pode requerer um parto por cesariana.
Embora o problema geralmente seja resolvido após o parto, é fundamental que mulheres com altas taxas de glicemia durante a gravidez realizem um novo teste de sobrecarga de glicose seis semanas após o parto.