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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe
CÂNCER DE COLO DO ÚTERO

Após projeto iniciado em Pernambuco, Ministério da Saúde incorpora teste inovador para detectar HPV

Portaria foi publicada, na sexta-feira (8), no Diário Oficial da União. Em 2023, foram investidos R$ 18 milhões em um projeto piloto de testagem realizado em Pernambuco

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Cinthya Leite

Publicado em 09/03/2024 às 14:18 | Atualizado em 09/03/2024 às 14:34
Câncer de colo do útero tem causa conhecida: a infecção resistente por algum tipo de HPV, infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo - FREEPIK/BANCO DE IMAGENS

Para apoiar um diagnóstico mais rápido e preciso do vírus HPV, associado ao câncer de colo do útero (problema de saúde pública no Brasil), o Ministério da Saúde incorporou ao Sistema Único de Saúde (SUS) a tecnologia de testagem molecular para detecção do HPV e rastreamento do câncer do colo do útero.

A portaria foi publicada, na sexta-feira (8), no Diário Oficial da União. Em 2023, foram investidos R$ 18 milhões em um projeto piloto de testagem realizado em Pernambuco.

Em março de 2023, em passagem pelo Recife, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assinou uma portaria que determinou um novo modelo de prevenção e eliminação do câncer de colo do útero.

A estratégia tem como espelho o Programa Útero é Vida, lançado em Pernambuco, em dezembro de 2021, quando o médico André Longo (atual diretor-presidente da Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS) estava à frente da Saúde no Estado. O programa foi desenvolvido em parceria com a Organização Panamericana de Saúde (Opas). 

A decisão de incorporar a estratégia para uso em todo o território nacional é um ganho para as mulheres, já que além de ser uma tecnologia eficaz para detecção e diagnóstico precoce, traz a vantagem do aumento do intervalo de realização do exame.

Enquanto a forma atual de rastreio, por meio do exame papanicolau, deve ser realizada a cada três anos e, em caso de detecção de alguma lesão, de forma anual, a testagem é recomendada a cada cinco anos. Essa mudança traz melhor adesão e facilita o acesso ao exame.

Para o Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, Carlos Gadelha, a incorporação é marco de uma gestão que, ciente da diversidade e desigualdades do país, busca disponibilizar tratamentos que atendam, de fato, às necessidades da população e facilitem o acesso à saúde.

"O câncer de colo de útero tem causa conhecida e ainda atinge muitas mulheres, principalmente, mulheres em situação de vulnerabilidade. Esse aumento na precisão, na eficiência e no intervalo do rastreamento é um grande ganho, já que facilita o acesso colocando uma inovação tecnológica de grande impacto à serviço da vida da população brasileira", afirmou.

Quarta causa de óbito entre mulheres

Estimativas indicam que cerca de 17 mil mulheres sejam diagnosticadas com câncer de colo de útero no Brasil todos os anos.

Apesar de ser uma doença que pode ser prevenida, ela segue como o quarto tipo de câncer mais comum e a quarta causa de óbito pela doença em mulheres — principalmente negras, pobres e com baixos níveis de educação formal.

Diferentemente de outros tipos de câncer, a doença tem causa conhecida: a infecção resistente por algum tipo de HPV, infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo. E, embora sejam ofertadas alternativas para prevenção (pela vacinação contra HPV, pelo uso de preservativos nas relações sexuais e pela realização do rastreio para diagnóstico precoce), a doença segue como uma das principais causas de morte de mulheres em idade fértil por câncer no Brasil.

No Norte do Brasil, por exemplo, o câncer de colo do útero é a principal causa de óbito entre as mulheres.

Recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a testagem é considerada o padrão ouro para detecção do câncer de colo de útero e integra as estratégias para eliminação do câncer do câncer de colo de útero como problema de saúde pública até 2030. A incorporação foi avaliada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), que considerou a tecnologia mais precisa que a já ofertada no SUS.

Avanços em pesquisas científicas

Em 2023, as chamadas públicas para estudos transdisciplinares em saúde coletiva, evidências em saúde, e saúde de precisão, realizadas pelo Ministério da Saúde, revelaram um significativo avanço na promoção da equidade de gênero na pesquisa científica. Entre os projetos selecionados, 176 mulheres foram escolhidas, destacando o papel fundamental das mulheres pesquisadoras nesses campos.

Na Chamada Nº 21/2023, que abrange estudos transdisciplinares em saúde coletiva, dos 201 projetos aprovados, 130 são liderados por mulheres, 64% do total. A Chamada 22/2023, focada em evidências em saúde, registrou 8 projetos coordenados por mulheres e 4 por homens. Na Chamada Nº 16/2023 de Saúde de Precisão, 38 dos 94 projetos aprovados são liderados por mulheres.

Esses resultados refletem um compromisso crescente com a promoção da diversidade e equidade de gênero no cenário científico, impulsionando a representatividade das mulheres em áreas cruciais da pesquisa.

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