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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe
CÂNCER

Entendendo o melanoma: sintomas, diagnóstico e tratamento

Doença causou a morte do cantor Bob Marley

Cadastrado por

Paloma Xavier

Publicado em 27/03/2024 às 7:11
O oncologista Diogo Sales esclarece principais questões sobre o melanoma, doença que ocasionou na morte de Bob Marley em 1981 - Guga Matos/JC Imagem

O melanoma voltou aos holofotes após o filme "Bob Marley: One Love" entrar em cartaz. O longa que retrata a vida do cantor jamaicano despertou algumas dúvidas sobre esse tipo de câncer.

O que é melanoma?

O melanoma é um tipo de câncer de pele que tem origem nos melanócitos (células produtoras de melanina, substância que determina a cor da pele). Mais frequente em adultos brancos, essa doença pode aparecer em qualquer parte do corpo, na pele ou mucosas, na forma de manchas, pintas ou sinais.

“O câncer de pele é o mais comum no Brasil, representando cerca de 30% de todos os tipos de neoplasia. Por sorte, apenas 4% de todos os câncer de pele são considerados melanoma” pontua o Dr. Diogo Sales, oncologista do Hospital Jayme da Fonte.

Dr. Diogo Sales esclarece principais questões sobre o melanoma, doença que ocasionou na morte de Bob Marley - Guga Matos/JC Imagem

"São os tumores de pele mais agressivos porque têm maior capacidade de gerar metástase, isso é, disseminar pelo corpo", acrescenta o especialista.

Causas

Entre os fatores que podem desencadear o melanoma, Diogo destaca a exposição excessiva ao sol: “Especialmente pessoas que têm pele clara ou que trabalham com exposição ao sol, por exemplo, agricultura, limpeza de ruas. Tem que tomar cuidado, estarem devidamente protegidas para não gerar exposição.”

O oncologista também destaca que a exposição é cumulativa. “Aquele sol que você tomou durante a infância e não se protegia pode gerar repercussões adiante. Então é muito importante evitar a exposição ao sol usando protetores solares, óculos escuros, camisa ultravioleta, e evitar até sair em horários de sol a pico se possível”, explica.

Outros fatores que podem desencadear a doença são o uso de câmaras de bronzeamento e fatores genéticos. “São causas mais raras. O grande fator de risco é a exposição ao sol”, ressalta.

Sintomas

Pintas que mudam de cor, tamanho ou formato, passam a coçar ou a sangrar ou apresentam qualquer alteração ao longo do tempo podem ser indicativo de melanoma. “Normalmente é escuro”, acrescenta Diogo.

Alterações em pintas podem indicar melanoma - PEXELS

O oncologista explica quais sinais facilitam a detecção de uma mudança na pele: “Tem uma regra bem interessante chamada ABCDE. A é a simetria, quando a metade de um sinal é diferente da outra; B são bordas regulares e irregulares, têm contornos mal definidos; C se a cor é variável, ou seja, a lesão vai mudando de cor; D é o diâmetro, normalmente preocupante quando está maior que 0,6 centímetros. E, de evolução, você vai começar a apresentar alterações no tamanho, na forma e na cor do seu sinal.”

Diagnóstico

O melanoma pode ser diagnosticado ainda na fase inicial. “O que deve ser feito é procurar um dermatologista qualificado e fazer a dermatoscopia. Essa é a melhor maneira de conseguir o diagnóstico precoce, que pode impedir de evoluir para uma doença metastática, uma quando ocorre a disseminação do câncer e aumenta bastante a chance de cura.”

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), os dados epidemiológicos da Cancer Tomorrow apontam que as mortes anuais por melanoma no Brasil vão saltar de 2,2 mil para 4 mil em 2040, um aumento de 80% no comparativo entre os dois anos. Já os casos anuais de melanoma no país, devem pular de 8,6 mil para 14,8 mil no mesmo período, um aumento de 72%.

No mundo, a previsão do levantamento é de que o número de casos anuais salte de 325 mil para 510 mil (aumento de 57%) e os óbitos subam de 57 mil para 96 mil, respectivamente (aumento de 70%).

Tratamento

Após o diagnóstico, o melanoma pode ser tratado de acordo com o estágio da doença e outros fatores. As principais opções de tratamento são a cirurgia, imunoterapia, terapia-alvo, quimioterapia e radioterapia, podendo inclusive usar mais do que um desses ou uma combinação deles podem ser utilizados.

O oncologista determina o tratamento do melanoma - PIXABAY

“O tratamento do melanoma antigamente era feito basicamente através de cirurgia e quimioterapia. Hoje, existe uma classe de droga bem interessante que se chama imunoterapia, onde a droga vai estimular o próprio sistema de defesa do paciente a matar o tumor”, pontua o oncologista.

O especialista também comenta sobre os resultados otimistas dessa forma de tratamento: “Desde que foram avaliados os primeiros resultados, se percebeu grandes respostas desse tipo específico de câncer à imunoterapia. Inclusive naqueles pacientes que já têm a doença metastática.”

Os casos nos quais a cirurgia é necessária são analisados por um especialista. “Dependendo de onde estiver o melanoma, a cirurgia pode ser mais superficial ou mais mutiladora. Isso quem vai definir é um profissional adequado, o cirurgião oncológico”, afirma o médico.

Quando identificado precocemente, o melanoma pode ter mais de 90% de cura, segundo a SBCO. “É um dos poucos cânceres que a gente pode afirmar que tem possibilidade de cura mesmo na doença avançada”, complementa Diogo.

Caso Bob Marley

A causa da morte de Bob Marley inquieta fãs até hoje. “O melanoma que ele teve é o chamado acral, que é mais raro, mas bem agressivo. O tumor costuma surgir nas palmas das mãos e/ou plantas dos pés, especialmente em pessoas negras, asiáticas e ameríndios”, explica o oncologista.

'Bob Marley: One Love' é a cinebiografia do Rei do Reggae - Foto: Reprodução

No caso do cantor, o tratamento sugerido foi a amputação. “A gente não sabe mais detalhes, como o quanto essa doença estava agressiva no momento, mas sabe que quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance da cura. Em boa parte dos melanomas, inicialmente, o tratamento proposto é a cirurgia”, acrescenta Diogo.

O oncologista destaca a importância do diagnóstico precoce e da imunoterapia como tratamento. “Nos últimos anos, o melanoma basicamente passou por uma mudança gigante tanto de tratamento quanto de prognóstico dentro da oncologia com avanços muito importantes”, finaliza.

Hospital Jayme da Fonte

Referência no atendimento, diagnóstico e tratamento oncológico, o Hospital Jayme da Fonte conta com reconhecidos especialistas na área. Além disso, dispõe de um moderno serviço de imagem, que realiza exames essenciais para a detecção precoce de doenças oncológicas.

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