Sintomas da menopausa: 82% das mulheres podem ter depressão e ansiedade

Pesquisa foi realizada com mais de 17 mil mulheres brasileiras durante o período do climatério e a maioria afirmou experimentar sintomas psicológicos

Publicado em 09/10/2024 às 19:13

A menopausa é uma fase importante na vida das mulheres, trazendo mudanças físicas e emocionais que podem impactar profundamente o bem-estar.

De acordo com pesquisa da Plenapausa, femtech brasileira focada na saúde feminina, 82% das brasileiras no climatério relatam enfrentar sintomas de depressão e ansiedade.

Para o resultado, foram entrevistadas mais de 17 mil mulheres brasileiras com uma média de 47 anos de idade.

A relação hormonal com o cérebro

Em entrevista ao Jornal do Commercio, a ginecologista Juliana Schettini explicou que há uma relação direta entre as alterações hormonais e os sintomas emocionais. “Existe relação direta do estradiol e da progesterona em receptores a nível cerebral”, afirma.

O estradiol, especificamente, atua em receptores de serotonina e dopamina, fundamentais para o equilíbrio emocional, tornando mais evidente a conexão entre a queda hormonal e o surgimento de sintomas depressivos.

A testosterona também tem seu papel nesse processo, mas é a diminuição do estradiol que mais interfere no funcionamento cerebral, levando à piora dos sintomas emocionais durante a menopausa.

Essas mudanças podem transformar a vida cotidiana das mulheres, afetando a forma como elas se relacionam consigo mesmas e com o mundo ao seu redor.

Impacto no dia a dia

Além dos efeitos hormonais no cérebro, os sintomas físicos da menopausa podem intensificar os problemas emocionais, como explica Schettini.

“Ondas de calor e insônia podem piorar o quadro de depressão e ansiedade na pós-menopausa. O sono precisa ser reparador e, sem terapia de reforço hormonal, muitas mulheres acordam às três horas da manhã, morrendo de calor”, diz a ginecologista.

A psicóloga Talitha Oliveira, da Hapvida NotreDame Intermédica, complementa que os sintomas emocionais mais comuns incluem:

  • Falta de energia;
  • Perda de interesse em atividades que antes essa mulher sentia prazer em realizar;
  • Tristeza mais persistente;
  • Problemas para dormir persistentes.

Thalitha destaca a importância de prestar atenção em mudanças comportamentais e procurar ajuda profissional quando os sintomas se tornam constantes e debilitantes. "Essa tristeza persistir por um longo espaço de tempo já é um sinal de alerta", reforça.

 

O que fazer para reduzir os sintomas a longo prazo?

Uma questão importante levantada pela ginecologista Juliana Schettini é a duração dos sintomas da menopausa.

“Sabemos que 10% das mulheres permanecem com sintomas até os 70 anos de idade. É muito tempo de vida com ondas de calor, insônia e queda na qualidade de vida sem tratamento”, alerta a ginecologista.

Para Schettini, o ideal é que as mulheres em menopausa procurem um ginecologista para avaliar a possibilidade de um tratamento hormonal adequado.

Para quem sofre com os sintomas psicológicos, é fundamental complementar o cuidado com terapia e, se necessário, com o acompanhamento de um psiquiatra.

“É fundamental que a mulher esteja disposta a ser acolhida, livre de julgamentos, e que tenha autonomia para procurar esse suporte”, refroça a psicóloga Talitha Oliveira.

A especialista destaca que o acolhimento pode ser feito tanto de forma individual quanto em grupos de apoio, disponíveis na rede pública e privada, que oferecem um espaço para compartilhar experiências e receber suporte emocional.

CONFIRA NO VÍDEO: Dúvidas e esclarecimentos sobre a menopausa

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