Janeiro Branco: como abordar conversas difíceis sobre suicídio e saúde mental com adolescentes
Criar um espaço seguro para adolescentes expressarem suas emoções e sentimentos é o primeiro passo na prevenção de problemas de saúde mental
A adolescência é uma fase marcada por intensas transformações físicas, emocionais e sociais, mas a saúde mental ainda é um tema frequentemente negligenciado.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o suicídio é a principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Mesmo diante de números alarmantes, muitas famílias e educadores enfrentam dificuldades em abordar o assunto de forma aberta e acolhedora.
Segundo a psicóloga Karen Scavacini, fundadora do Instituto Vita Alere, é essencial quebrar esse tabu. “Conversar sobre suicídio e saúde mental não faz com que os jovens pensem nele como solução para suas dores, pelo contrário, a conversa sobre suicídio é essencial para a prevenção”, afirma.
A importância de criar um ambiente de diálogo seguro
Durante a adolescência, jovens passam por grandes mudanças emocionais e, muitas vezes, não encontram espaço para expressar seus sentimentos.
“Os adolescentes vivem grandes transformações, tanto físicas quanto emocionais, e muitas vezes eles não encontram espaço para falarem sobre suas dores e angústias ou sentem que seus sofrimentos são minimizados”, destaca Karen.
“Criar um ambiente seguro e de escuta ativa para que esses jovens possam falar sobre suas emoções é fundamental.”
Dicas práticas para iniciar conversas sobre saúde mental com adolescentes
A dúvida sobre como abordar temas delicados, como o suicídio, é comum. Por isso, Karen compartilha dicas práticas para famílias e educadores que desejam promover diálogos mais saudáveis com jovens:
Ouça sem julgar: evite criticar ou oferecer soluções imediatas ao adolescente. Escute com atenção e paciência, permitindo que ele se expresse sem interrupções.
Valide os sentimentos do adolescente: reconheça as emoções relatadas pelo jovem. Muitas vezes, o que é motivo de sofrimento legítimo para um adolescente pode não parecer tão grave para um adulto, mas validar os sentimentos dele é essencial para mostrar que ele é ouvido e compreendido.
Escolha o momento certo para a conversa: conduza a conversa em um ambiente calmo e privativo. Caso o jovem não se sinta confortável em um primeiro momento, respeite o tempo dele, mas continue tentando de forma amorosa.
Use uma linguagem acessível: evite termos técnicos e discursos moralistas. Um tom acolhedor, compreensivo e direto facilita o diálogo e ajuda o jovem a se sentir mais à vontade.
A criação de espaços seguros para falar sobre saúde mental, seja em casa ou na escola, pode prevenir casos de suicídio entre jovens.
“Quanto mais cedo se criar um espaço em casa e nas escolas para conversas sobre saúde mental, maior a chance de prevenirmos casos de suicídio entre nossos jovens. Não tenha medo de falar. É na escuridão e no silêncio que o suicídio se alimenta e cria força. Abra a janela e fale sobre o assunto”, finaliza a especialista.