A professora Lucinha Mota, mãe da menina Beatriz Angélica Mota, que foi assassinada a facadas no município de Petrolina, será a titular da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco. O anúncio foi feito na noite desta sexta-feira (30) pela equipe da governadora eleita Raquel Lyra.
Neste ano, Lucinha tentou pela segunda vez uma vaga de deputada estadual na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Mas, de novo, não atingiu a quantidade de votos necessária. Segundo apuração das urnas eletrônicas, Lucinha recebeu quase 26 mil votos. Ela está filiada ao PSDB em Pernambuco, partido de Raquel Lyra.
Lucinha ficou conhecida por, incansavelmente, cobrar justiça e apontar falhas ao longo das investigações da morte de Beatriz, que tinha 7 anos. O crime foi em 10 de dezembro de 2015. No mês em que o crime completou seis anos, ela e o marido caminharam por mais de 700 quilômetros, de Petrolina até o Recife, para cobrar uma solução. A caminhada, que encontrou apoiadores em todas as cidades, teve repercussão nacional e expôs a demora da polícia para solucionar o homicídio.
No governo Paulo Câmara, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco também foi a responsável pela Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), que cuida do sistema prisional. No governo Raquel Lyra, isso ainda não foi definido.
Lucinha Mota vai substituir Cloves Eduardo Benevides, que é titular da pasta desde julho de 2022. Antes dele, a vaga pertenceu a Marcelo Canuto por apenas três meses.
Ao longo de praticamente todo o governo Paulo Câmara, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos foi comandada por Pedro Eurico, afastado do cargo após a revelação de denúncias de violência doméstica contra a ex-mulher. Eurico responde a dois processos criminais.
Em janeiro de 2022, poucas semanas após a caminhada dos pais de Beatriz pelo Estado, o governo de Pernambuco anunciou ter identificado o suspeito do assassinato de Beatriz - Marcelo da Silva. O acusado de entrar no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora e assassinar a facadas Beatriz foi reconhecido por meio do cruzamento de DNA, a partir das amostras coletadas na faca usada no crime.
Os delegados foram ao presídio onde Marcelo da Silva cumpria pena por outros crimes e, em depoimento gravado, ele confessou ser o autor da morte de Beatriz.
Na gravação, o acusado afirmou ter esfaqueado a criança após ela se desesperar ao vê-lo com uma faca dentro do colégio. Na ocasião, Beatriz havia se afastado dos pais para beber água.
O acusado responde homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, com emprego de meio cruel e mediante dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima). Ele está no Presídio de Igarassu, no Grande Recife.
A juíza responsável pelo caso ainda decidirá se ele vai a júri popular.