Dez câmeras, monitoramento 24 horas, com imagens exclusivas. A descrição até parece de um programa de TV, mas se trata de uma ação de criminosos ligados ao tráfico de drogas para acompanhar a entrada e a saída da polícia no bairro de Santo Amaro, na área central do Recife.
Uma operação realizada no começo da semana, com participação das polícias Militar e Civil, conseguiu desinstalar dez câmeras que estavam em postes de energia elétrica e na frente de residências localizadas na comunidade João de Barros.
"Esses equipamentos indicavam todo tipo de aproximação da Polícia Militar. Levamos um tempo para identificar essas câmeras, mas conseguimos tirá-las junto com a Polícia Civil", disse o coronel Hugo Alexandre da Silva, comandante do 16º Batalhão da PM, em entrevista à TV Jornal.
"Nós ainda não tivemos acesso à central (onde os criminosos monitoravam as imagens geradas pelas câmeras), mas sabemos que as câmeras eram usadas por pessoas da comunidade", completou.
A operação contou ainda com equipes de peritos do Instituto de Criminalística e da Neoenergia.
"Como esses equipamentos eram instalados em postes de energia, isso se configura como furto de energia elétrica. Vamos aprofundar as investigações para identificar os responsáveis", afirmou a delegada Bárbara Fort.
Segundo ela, não houve prisões em flagrante durante a operação. Mas oito pessoas foram intimadas pela polícia para prestar esclarecimentos.
O "BBB" do tráfico", uma referência ao programa Big Brother Brasil, onde as pessoas são vigiadas 24 horas, não é novidade no Grande Recife.
Em abril do ano passado, no município do Cabo de Santo Agostinho, a polícia descobriu 28 câmeras de segurança que eram acompanhadas por um presidiário, líder de um grupo especializado no tráfico de drogas. A investigação também descobriu uma central onde criminosos acompanhavam as imagens.
Em 2017, uma operação semelhante da Polícia Militar identificou e retirou mais de dez câmeras instaladas de forma irregular na comunidade Entra Apulso, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.
Na época, a polícia informou que os equipamentos eram usados por criminosos no monitoramento do tráfico de drogas e também para saber quando a polícia estava na comunidade.
A suspeita era de que um detento, líder da facção, estaria usando um celular para acompanhar as imagens captadas pelas câmeras.