A quinta-feira (20) foi marcada pela violência contra mulheres na Região Metropolitana do Recife (RMR). No Cabo de Santo Agostinho, o corpo de uma jovem de 26 anos foi encontrado em uma área de canavial. Em Camaragibe, uma mulher de 35 anos e a filha dela, de 18, foram baleadas. A mais nova morreu. Já no bairro da Mangueira, na Zona Oeste do Recife, outro corpo foi encontrado.
Patrícia Oliveira da Silva estava desaparecida desde o último sábado, segundo familiares. O corpo dela foi encontrado em avançado estado de decomposição por trabalhadores rurais às margens da BR-101, no Cabo, no final da tarde. Parentes reconheceram a vítima por causa das roupas que estava estava vestindo antes de não ser mais vista com vida.
Familiares relataram à polícia que a jovem pode ter sido vítima de feminicídio, porque já teve um relacionamento conturbado. As investigações já foram iniciadas pela Polícia Civil para identificar a autoria e confirmar a motivação do crime.
Em Camaragibe, mãe e filha foram vítimas da violência. Um homem encapuzado invadiu a casa da família atirando. A mulher de 35 anos estava na sala quando foi atingida pelos tiros. Já a filha estava no terraço e também foi baleada.
As duas foram socorridas e encaminhadas para uma unidade de saúde, mas a mais nova não resistiu aos ferimentos.
Os nomes das vítimas não foram revelados. A autoria e a motivação do crime ainda estão sendo investigadas pela polícia. O corpo da jovem de 18 anos foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML), no Recife.
A polícia também registrou o assassinato a tiros de outra jovem na Rua Zeppelin, no bairro da Mangueira. O crime aconteceu durante a tarde dessa quinta-feira.
Como estava sem documentos, a vítima não foi identificada pela polícia.
A motivação e autoria do crime estão sob investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 136 mulheres foram vítimas de mortes violentas em Pernambuco no primeiro semestre de 2023.
Houve aumento de 7% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 127 mulheres foram mortas.
Nesse número, estão incluídas todas as motivações (como o feminicídio e o possível envolvimento das vítimas em atividades criminais).
Se observados apenas o número de feminicídios, houve queda de casos. No primeiro semestre de 2023, a SDS somou 30 casos. Já no mesmo período de 2022, foram 40 registros.
Estatísticas divulgadas pela nova edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, lançada nessa quinta-feira, apontam que os crimes de feminicídio estão em alta no País. No ano passado, o Brasil registrou 1.437 casos.
O Estado com maior taxa proporcional desse tipo de crime é Rondônia, com 3,1 casos por 100 mil habitantes. Em seguida, aparecem Mato Grosso do Sul (2,9) e Acre (2,6).
Pernambuco aparece em 14º lugar, com taxa de 1,5 por 100 mil habitantes.
Em 2015, o governo federal sancionou a Lei do Feminicídio, que transforma em crime hediondo o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou de discriminação de gênero.