O número de policiais que o governo de Pernambuco promete contratar a partir do concurso público anunciado na última segunda-feira (31), durante o lançamento do Juntos pela Segurança, será insuficiente para suprir o déficit. Na Polícia Militar, por exemplo, faltam cerca de 11 mil profissionais. E o Estado pretende contratar 2,4 mil praças. A Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe) também divulgou nota demonstrando preocupação com a "falta de diálogo" na construção da nova política de segurança pública.
O governo estadual disse que abrirá 45 vagas para delegados, mas, atualmente, há 56 delegacias sem titulares. Além disso, como pontuou a direção da Adeppe, há "13 delegacias não instaladas por completa ausência de efetivo". Ou seja, ao menos 69 delegados deveriam ser contratados - isso sem contar o número de profissionais que devem se aposentar nos próximos meses. Na melhor das hipóteses, os novos policiais devem estar formados e nomeados entre o final de 2024 e primeiro semestre de 2025.
"É sabido que o concurso anunciado para a Polícia Civil de tão-somente 45 delegados, 250 agentes e 150 escrivães é insuficiente para cobrir o déficit atual de servidores policiais civis, e até que venha a haver o desfecho do certame o quantitativo anunciado será mais insignificante ainda", declarou, em nota, a Adeppe.
"Motivo de maior estranheza é que não foi anunciado nenhum planejamento de valorização para os profissionais da segurança pública. O sucesso do programa depende da motivação dos policiais que estão na ponta e que, cotidianamente, colocam sua vida em risco para garantir um Estado em condições dignas para morar e investir", continuou a entidade.
"A não valorização dos policiais certamente irá acarretar o fracasso do programa Juntos pela Segurança. O anúncio de substituição de viaturas, compra de cavalos, cachorros e lâmpadas de led são ações meramente de manutenção da própria máquina do Estado. Espera-se que o governo dê atenção imediata à política de valorização dos policiais em benefício da sociedade pernambucana", completou a Adeppe.
No anúncio do Juntos pela Segurança, o governo estadual anunciou a criação de 3.805 vagas na área da segurança - distribuídas para a Polícia Militar (2.400 praças e 300 oficiais), bombeiros militares (600 praças e 60 oficiais) e Polícia Civil (250 agentes, 150 escrivães e 45 delegados). A Polícia Científica, que contempla os peritos criminais, ficou de fora.
Em nota divulgada nas redes sociais, a Associação de Polícia Científica de Pernambuco (Apoc-PE) informou que a presidente da entidade, Camila Reis Baleeiro, esteve no lançamento da política de segurança e conversou com a governadora Raquel Lyra sobre a questão, afinal o número de peritos criminais também é insuficiente para as investigações dos crimes no Estado.
"A governadora afirmou que estava terminando um diagnóstico sobre a necessidade de novas vagas para a perícia criminal e a presidente colocou a Apoc-PE à disposição para auxiliar neste diagnóstico. É importante ressaltar a importância da perícia para a elucidação de crimes. A perícia criminal realiza um trabalho essencial para a redução da criminalidade, já que, sem provas, dificilmente inquéritos policiais se efetivarão em prisões", disse o texto.
Apesar do anúncio de novos concursos públicos, a governadora Raquel Lyra afirmou que os editais só devem ser lançados em até 60 dias.
Na publicação, será apresentado todo o calendário de provas e etapas necessárias para preenchimento das vagas prometidas.
ASSOCIAÇÃO DE POLÍCIA CIENTÍFICA TAMBÉM COBRA CONCURSO PÚBLICO
EDITAIS DEVEM SER LANÇADOS EM ATÉ 60 DIAS, PROMETE GOVERNO DE PERNAMBUCO
JUNTOS PELA SEGURANÇA: Raquel Lyra anuncia abertura de concursos para área de segurança pública