A deputada estadual Rosa Amorim (PT) denunciou, nesta terça-feira (22), que recebeu uma mensagem por e-mail institucional com ameaças de estupro corretivo como forma de "cura lésbica". Uma queixa foi registrada na Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos, no Recife.
De acordo com comunicado à imprensa, a deputada estadual recebeu o e-mail no último dia 15 de agosto. "Ademais, deram indicativos de saberem o seu endereço em uma mensagem com conteúdo lesbofóbico e LGBTfóbico, que trata a homossexualidade como doença a ser curada".
Para a deputada, a ameaça representa uma tentativa de interferir na atuação parlamentar dela e também de outras parlamentares que têm sofrido ameaças como esta. E-mails parecidos foram recebidos pela vereadora Mônica Benício (PSol-RJ), viúva da também vereadora Marielle Franco, e pela deputada estadual Bella Gonçalves (PSol-MG).
"Diversas deputadas em todo o País vem recebendo ameaças assim como a que eu recebi, o que demonstra resquícios da política de ódio que vem sendo praticada desde o governo Bolsonaro. Não vão nos impedir de sermos quem somos ou lutar pelos nossos direitos e nem de toda a comunidade LGBTQIAPN+", declarou Rosa Amorim.
O comunicado reforçou que o mandato possui estratégias a fim de garantir a segurança da deputada, que serão mantidas.
De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 1.541 casos de estupro foram registrados em Pernambuco entre janeiro e julho de 2023. Desse total, 86,24% das vítimas foram mulheres.
Além disso, 15 pessoas (nove do sexo feminino e seis do sexo masculino) identificadas como LGBTQIA+ também procuraram a polícia para denunciar esse tipo de crime em 2023. Uma delas foi vítima de estupro coletivo na cidade de Paudalho, Mata Norte do Estado, no mês de março.
REPERCUSSÃO
Após a divulgação da ameaça, diversos políticos prestaram solidariedade à deputada estadual Rosa Amorim.
"Toda a minha solidariedade à deputada estadual e companheira de partido Rosa Amorim, que foi ameaçada do odioso crime de 'estupro corretivo'. Não existe 'cura lésbica', porque a lesbianidade não é doença, nem motivo de vergonha. Estamos falando de um crime grave, no mês da visibilidade lésbica, e que deve ser punido com todo rigor da lei", declarou a vereadora do Recife Liana Cirne (PT).
A senadora Teresa Leitão (PT) destacou que a deputada "vem sendo vítima de ameaças espúrias, misóginas, lesbofóbicas".
"Se pensam que vão calar ou intimidar Rosa, não a conhecem. Nem nos conhecem, porque Rosa não está só. Somos fortes, resistentes e livres. É fundamental encontrar e punir, com o rigor da lei, os responsáveis pelas ameaças contra Rosa Amorim e contra outras mulheres políticas do Brasil. Com urgência e eficácia", disse.