O secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, se pronunciou sobre os crimes que ocorreram após uma ação policial em Camaragibe, no Grande Recife, e que resultou na morte de oito pessoas - dois agentes do 20º Batalhão da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), o suspeito de assassiná-los e outros cinco familiares desse suspeito.
"A morte de policiais que tombam seu ofício é grave. Também é grave a ação dos que, sob qualquer pretexto, matam, autores ou não de crimes. Não pode haver indignação seletiva, mas apuração justa e ação firme do Estado para combater a criminalidade violenta, venha de onde vier", disse Tadeu Alencar, em uma publicação feita em suas redes sociais neste sábado (16).
O secretário nacional de Segurança também criticou a "rivalidade" criada entre os que estão revoltados com o morte dos policiais e àqueles que defendem os direitos humanos, referindo-se a execução sumária de pessoas que estariam ligadas ao suspeito de matar os agentes.
"Tentar estabelecer um antagonismo entre os que se indignam com a morte de policiais em serviço - e defendem sua rigorosa apuração - e os que defendem os direitos humanos é um equívoco. Devemos nos unir para defender e proteger os nossos policiais e repudiar firmemente a ação de grupos, de qualquer natureza, que praticam a (in)justiça com as próprias mãos", afirmou Alencar.
"E enfrentar o crime organizado, com força, estratégia, inteligência, integração, constrição patrimonial e modernização tecnológica. Esse é o desafio e vamos persegui-lo!", concluiu o secretário na publicação.
Em conversa com a reportagem do JC, Tadeu Alencar afirmou que falou com Alessandro Carvalho, secretário de Defesa Social de Pernambuco, a respeito dos episódios de violência, destacando que tanto o Ministério da Justiça quanto a Secretaria tem o papel de acompanhar as ações de enfrentamento em todo o país.
"Estamos vivendo um momento muito delicado e desafiador de ação de grupos criminosos, e já tem tido uma articulação e cooperação federativa que é muito importante, tanto pro nosso trabalho quanto do estado. Nós seguimos uma diretriz do presidente Lula, que é não fazer disputa política, ainda mais numa área sensível como a segurança pública. Os indicadores continuam elevados, ainda que nesse primeiro semestre tenhamos detectado uma redução tímida", afirmou Alencar.
Entre as iniciativas que podem ser realizadas em conjunto com os entes da federação, o secretário Nacional de Segurança Pública chama atenção para o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), instituído no âmbito do Ministério da Justiça, e que tem o objetivo de apoiar projetos na área de segurança pública e prevenção à violência, enquadrados nas diretrizes do plano de segurança pública do Governo Federal. Metade do FNSP, correspondente a R$ 1 bilhão, estão sendo repassados para os estados aplicarem em ações de redução dos homicídios, sendo 10% para a redução de violência contra a mulher, e 10% devem ser investidos na valorização do profissional de segurança pública, o que inclui ações que cuidem da saúde mental destes policiais. A fatia de Pernambuco desse saldo é de R$ 38 milhões.
"Confiamos na palavra da governadora Raquel Lyra, determinando apuração rigorosa desses fatos todos. Não podemos fazer juízos precipitados e o que nos cabe é confiar no trabalho da polícia de Pernambuco. O Ministério da Justiça vai continuar acompanhando", declarou o secretário.
Na última quinta-feira (14), a Policia Militar foi acionada sobre tiros vindos da laje de uma casa no Córrego do Jacaré, localizado no bairro de Tabatinga, em Camaragibe, no Grande Recife. Após os PMs chegarem ao local, iniciou-se uma troca de tiros com um homem identificado como Alex Silva, mais conhecido como Alex Samurai.
A abordagem resultou no falecimento dos policiais militares Rodolfo José da Silva e Eduardo Roque Barbosa de Santana. Eles chegaram a ser socorridos, mas não resistiram aos ferimentos. Outros três policiais também ficaram feridos na ação.
Outras duas pessoas que não tinham envolvimento na ação foram atingidas no conflito - um adolescente de 14 anos e a prima dele, uma jovem de 19 anos grávida de sete meses que estava dentro de casa quando foi baleada na cabeça. Elas seguem internadas no Hospital da Restauração (HR), no Derby.
Horas depois, já na madrugada da sexta-feira (15), no mesmo bairro, homens encapuzados atiraram em três pessoas: Amerson Juliano da Silva, Apuynã Lucas da Silva e Ágata Ayanne da Silva. Eles eram irmãos do suspeito de matar os PMs.
Por volta das 11h, a Polícia Militar conseguiu localizar Alex da Silva e após uma nova troca de tiros com o efetivo, ele morreu com disparos na cabeça e no tórax. No mesmo dia, mais duas mortes foram registradas, mas no município de Paudalho, na Zona da Mata. Maria José, mãe de Alex, e uma mulher não identificada, foram encontradas sem vida em um canavial da cidade.
Mortos em ação policial em Camaragibe:
Feridos em ação policial em Camaragibe:
Em pronunciamento realizado no Palácio do Campo das Princesas, a governadora Raquel Lyra garantiu rigor nas investigações dos crimes que ocorreram após ação policial em Camaragibe.
A governadora assegurou que o Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil foi direcionado para conduzir a apuração do caso. Durante o pronunciamento, ela também se solidarizou com as famílias das vítimas.
“Infelizmente oito vidas foram ceifadas e a polícia está investigando as circunstâncias de cada uma delas. Nós, do Governo de Pernambuco, estamos atentos e tomando todas as providências necessárias para garantir a paz social no Estado, fortalecendo também as equipes de policiais. Presto aqui a minha solidariedade para as famílias”, expressou Raquel Lyra.
Segundo Alessandro Carvalho, secretário de Defesa Social, nenhuma linha de investigação será desconsiderada, mas é provável que as mortes das últimas horas estejam relacionadas.
“Nós não temos como descartar nenhuma hipótese. O que sabemos é que dois policiais foram assassinados ao atender uma ocorrência e, depois disso, cinco pessoas ligadas ao suspeito foram mortas em menos de 12 horas. Existe uma correlação entre os fatos e é isso o que nós vamos investigar”, cravou.
Também participaram do pronunciamento a delegada Simone Aguiar, chefe da Polícia Civil de Pernambuco, o coronel Marcos Ramalho, sub-comandante da Polícia Militar, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Luciano Fonsêca, e o gerente-geral da Polícia Científica, Fernando Benevides.
CONDUÇÃO AS INVESTIGAÇÕES
PRONUNCIAMENTO