Imagens da câmera de um prédio mostram o momento em que o carro do juiz Paulo Torres Pereira da Silva, de 69 anos, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), é cercado por criminosos e fogem após o assassinato, ocorrido na noite de quinta-feira (19), no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife.
As imagens mostram, inclusive, o momento em que o magistrado bate com o carro no muro após ser atingido pelo tiro na cabeça - conforme descrito pela polícia um dia após o crime.
VEJA O VÍDEO:
O vídeo, ao qual a coluna Segurança teve acesso, consta no inquérito policial.
Nesta terça-feira (24), foram confirmadas as prisões de três suspeitos: Kauã Vinícius Alves da Rocha, 19 anos, Esdras Ferreira de Lima, 21, e Alcides da Silva Medeiros Júnior, 20.
Apenas o primeiro teria participado da morte do magistrado. Os outros dois foram flagrados pela polícia, no momento da prisão, descaracterizando o carro Ônix da cor vermelha usado no crime.
Mesmo assim, o delegado Roberto Ferreira decidiu solicitar as prisões dos três por entender que há elementos que indicam uma associação criminosa. "Não se pode descartar, ao menos nesta fase inicial, a participação dos demais autuados", descreveu no auto do flagrante enviado à Justiça.
Os suspeitos tiveram as prisões decretadas durante a audiência de custódia e foram encaminhados ao Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima.
De acordo com o comunicado do TJPE, o trio deve responder pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte). Mas a Polícia Civil de Pernambuco segue investigando se essa foi mesmo a motivação do crime.
Os suspeitos foram presos, nessa segunda-feira (23), numa casa na praia de Enseada dos Corais, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife.
O carro usado no assassinato do juiz também foi apreendido e encaminhado, junto ao trio, para a sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, no Recife.
COMO OCORREU O ASSASSINATO DO JUIZ?
Na noite da última quinta-feira (19), o juiz Paulo Torres teria ido caminhar na Praia do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho. O assassinato aconteceu no retorno dele, a 300 metros de casa, na Rua Maria Digna Gameiro, no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes.
O tiro foi na cabeça, segundo a polícia. A vítima, após ser baleada, bateu com o carro em um muro. Os criminosos desceram do veículo onde estavam e seguiram armados até perto do juiz, possivelmente para verificar o óbito. Eles usavam máscaras cirúrgicas.
Nenhum pertence do juiz foi levado no crime. Ele estava sem documentos, mas a família justificou que ele tinha a carteira de habilitação digital no celular.
O juiz era titular da 21ª Vara Cível da Capital.
INVESTIGAÇÃO
Durante a semana estão previstos depoimentos de testemunhas - entre familiares e colegas de trabalho do magistrado.
O TJPE reforçou que a chefia da Assistência Policial Militar e Civil do tribunal nunca recebeu informações sobre algum tipo de ameaça ao magistrado.
Imagens de câmeras de segurança que mostram parte do percurso feito pelo juiz até o momento em que foi morto também estão sob análise de um grupo restrito de profissionais da segurança para evitar vazamentos.
Os investigadores também querem identificar o ponto exato em que o carro do magistrado passou ser seguido pelo veículo dos criminosos.
O delegado Roberto Ferreira, titular da 12ª Delegacia de Homicídios, está no comando do inquérito.
O caso é acompanhado pelo Departamento de Segurança Institucional do Poder Judiciário, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Por meio de nota, a assessoria do CNJ declarou que, por enquanto, "não nos cabe alguma manifestação já que o devido processo investigativo está em curso pelas autoridades locais".
Além do CNJ, uma força-tarefa formada por promotores de Justiça de Jaboatão dos Guararapes e do com o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Pernambuco, também foi criada para acompanhar as investigações.
QUEM ERA O JUIZ MORTO?
Paulo Torres Pereira da Silva estava na magistratura há mais de três décadas.
"Conhecido como Paulão, o magistrado era muito querido por todos que fazem o Judiciário pernambucano. Tinha 69 anos e era juiz há quase 34 anos. Em várias oportunidades, atuou como desembargador substituto", disse o TJPE.
Paulo Torres tomou posse na magistratura pernambucana no dia 25 de abril de 1989. Através do Ato 130/1989, publicado no dia 19 de abril do referido ano, no Diário Oficial da Justiça, ele foi nomeado magistrado, em virtude de aprovação em concurso público de provas e títulos para exercer o cargo de juiz de direito, na Comarca de Verdejante, iniciando o exercício de sua função no dia 26 de abril de 1989.
Em 1991, Paulo Torres assumiu a 2ª Vara da Comarca de Salgueiro. A partir do referido ano, ele também atuou como juiz das Comarcas de Serrita, São José do Belmonte, Parnamirim, Belém de São Francisco e Escada. Em 1993, o magistrado atuou na Comarca de Jaboatão dos Guararapes. Em seguida, atuou na Comarca do Cabo de Santo Agostinho.
A chegada à Comarca da Capital aconteceu em 1994. No Recife, foi juiz na 8ª Vara Cível, na 1ª Vara da Fazenda Municipal e no I Juizado Especial de Pequenas Causas do bairro do Rosarinho. Atuou também nas 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 10ª, 13ª, 16ª, 17ª e 18ª Varas Cíveis da Capital.