O setor de turismo em Pernambuco já acumula um prejuízo de R$ 1,78 bilhão desde o início da crise desencadeada pelo novo coronavírus. No Brasil, as perdas chegam a R$ 62,56 bilhões. Divulgados ontem (12) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), os dados complementam o panorama do setor no País e no Estado apresentado também na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE.
O levantamento da CNC considera o período entre 15 de março (quatro dias depois de a Organização Mundial de Saúde decretar oficialmente a pandemia) e 10 de maio.
Um dos mais impactados pela crise, o turismo sentiu fortemente os efeitos da intensificação de medidas visando à redução do ritmo de contágio pela doença, como o isolamento social e o fechamento das fronteiras em diversos países, o que fez despencar o número de viagens aéreas em todo o mundo, incluindo o Brasil e Pernambuco.
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A pesquisa da CNC considera no cálculo justamente a forte correlação entre o fluxo de passageiros em voos e a geração de receitas no turismo. A confederação analisou informações obtidas junto aos 16 maiores aeroportos do Brasil – o do Recife entre eles –, que detêm mais de 80% da movimentação do País. Os dados apontam que as taxas de cancelamento de voos nacionais e internacionais saltaram de uma média diária de 4% nos primeiros dias de março para 93% até o fim daquele mês. No Recife, em 31 de março, já era de 87%.
Como consequência, no Brasil, as perdas no turismo atingiram R$ 13,4 bilhões apenas na segunda quinzena de março, com o aumento das medidas restritivas, chegando a R$ 36,94 bilhões em abril e a R$ 12,24 bilhões somente nos dez primeiros dias de maio.
O diretor da CNC responsável pelo Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da entidade, Alexandre Sampaio, chama atenção para o potencial número de empregos que podem desaparecer. “Sabemos que todos os setores da economia estão sendo afetados, mas o segmento voltado ao turismo terá o processo mais longo de recuperação. Temos uma projeção de 300 mil desempregados”, avalia.
Responsável pelo estudo da CNC, o economista Fabio Bentes corrobora a projeção. Para ele, é impossível neste momento estimar o início de uma retomada. Levando-se em conta que as atividades turísticas são consideradas não essenciais, perspectivas menos otimistas já apontam a probabilidade de isso só ocorrer em 2021.