Um banquete de mistério, misticismo e beleza em pleno Sertão da Paraíba. O Lajedo do Pai Mateus, no município de Cabaceiras, a cerca de 200 quilômetros da capital João Pessoa, é uma elevação rochosa de 1,5 km² de extensão onde se equilibram mais de 100 pedras arredondadas de até 4 metros de altura. Ele tem um formato que se assemelha a um prato virado para baixo que inexplicavelmente sustenta as rochas gigantes de várias toneladas e uma história envolvendo um ermitão curandeiro e índios cariris que habitaram ali há 12 mil anos. Ou seja, um prato cheio para místicos, curiosos ou simplesmente admiradores da natureza.
“O Lajedo do Pai Mateus foi eleito em primeiro lugar na votação da das 7 Maravilhas da Paraíba. É considerado como uma formação única em todo o continente americano e existem apenas parecido em pouquíssimos lugares no mundo. É um importante sítio arqueológico e paleontológico que fica em uma área de preservação ambiental de 1.800 hectares que faz parte da APA do Cariri”, explicou o guia de turismo Gerson Lima.
Este intrigante “mar de bolas” do Lajedo do Pai Mateus bem no meio da árida paisagem sertaneja paraibana tem características geológicas só encontradas em países como Austrália, Namíbia e Argélia, segundo especialistas. Tecnicamente as rochas são classificadas como matacões que são blocos compactos arredondados formados pela erosão. O curioso é que no local elas possuem formatos bem exóticos como a de um capacete e algumas apresentam também inscrições rupestres atribuídas aos indígenas que viveram e também usaram como cemitério a região. Marcas que o tempo não apagou e que ajudam a explicar a áurea espiritual do lugar seco e cheio de histórias.
Por falar em história a mais famosa é a que justamente deu nome ao Lajedo do Pai Mateus. Reza a lenda que na metade do século XVIII um ermitão curandeiro se estabeleceu em uma das pedras e passou a atender gratuitamente a população que vivia no entorno do lajedo. A cura era realizada com orações e plantas medicinais e em troca as pessoas levavam comida para ele. Pai Mateus era seu nome. Acredite ou não, na gruta que teria servido de moradia para ele existe uma mesa de pedra e inscrições no teto e paredes.
O local é um convite para desconstruir a dualidade entre bruto e delicado. Afinal, ao mesmo tempo em que se vê o pesado das toneladas das rochas se enxerga a leveza dos formatos delas que parecem rolar abaixo ao menor toque. Além da Pedra do Capacete, que é a maior, também chama a atenção Pedra do Sino que reproduz o som peculiar do instrumento ao ser batida. Tudo isso impressionou demais a propagandista recifense Isabelle de Moura, de 35 anos. "A viagem foi uma das comemorações do meu aniversário e o sentimento foi de renovação. Além da paisagem maravilhosa, a energia das pedras e a serenidade do pôr do sol. Aquele lugar é magico, tem alma”, afirmou Isabelle.
Como ela disse, esse paraíso rochoso da Paraíba fica ainda mais belo ao entardecer. É neste momento em que o alaranjado do pôr do sol realça a beleza das pedras gigantes e você se sente ainda mais minúsculo diante da grandiosidade do espetáculo da natureza no Lajedo de Pai Mateus. É no prato virado que se serve o banquete de mistério, misticismo e beleza.
Ver essa foto no Instagram
OUTRAS FORMAÇÕES
Perto dali duas formações rochosas também merecem a visitação. A primeira, conhecida como Saca de Lã, é um misterioso paredão com enormes blocos de pedras em um formato peculiar de fardos de algodão empilhados um em cima do outro.
A segunda é o Lajedo Manoel Souza que se destaca pela grande quantidade e variedade de inscrições rupestres em seus matacões também de formatos inusitados.