Os desafios dos profissionais de educação física com fechamento das academias

Profissionais de educação física desenvolvem habilidades para oferecer aulas e consultorias on-line durante isolamento
Gabriela Máxima
Publicado em 21/05/2020 às 16:47
Academias poderão reabrir a partir de 20 de julho Foto: AFP


O fechamento das academias por conta da expansão da pandemia do novo coronavírus exigiu que os profissionais de educação físicas buscassem novas formas de desenvolver o trabalho e oferecer suas aulas. Surgiu então a tendência das aulas e consultorias on-line, que já ganhavam força, mas agora devem se consolidar de vez como alternativa de serviço na profissão. 

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Tecnologia na educação física 

O presidente do Conselho Regional de Educação Física de Pernambuco (Cref-PE), Lúcio Beltrão, acredita que as aulas on-line devem continuar acontecendo mesmo depois da reabertura das academias em Pernambuco - ainda sem previsão. Ele destacou que os profissionais  estão conseguindo usar as ferramentas de tecnologia para ministrar as aulas. "Felizmente muitos profissionais de educação física e pessoas jurídicas (academias, box, estúdios, clubes, etc) conseguiram se adaptar rapidamente à nova realidade. Temos vistos muitos treinos online e muitas lives ricas de conteúdo", comentou.

Beltrão continuou sobre o assunto. "A tendência é que isso permaneça, especialmente, na reabertura das academias e similares. Muita gente ainda vai estar insegura apesar de todas as medidas de biossegurança que serão adotadas pelo setor. Em 60 dias, viveremos o “novo normal” e é preciso inovação, planejamento, atualização e muita adaptação de todos. A tecnologia chegou para ficar em todas as profissões e na educação física não é diferente. Já temos diversos gadgets, relógios que calculam o número de passos, pulseiras que monitoram o coração e até roupas que informam quanto seu músculo contrai durante um movimento", concluiu.

Adaptações com impacto da pandemia

O coach de crossfit e personal trainer Tuca Souza tinha acabado de voltar da Colômbia, onde conseguiu o certificado internacional da modalidade, quando foi surpreendido pela pandemia. Ele havia aumentado a carga de trabalho e preenchido a maioria dos horários entre 6h e 21h. Com o fechamento das academias, porém, ele teve que encarar as adaptações profissionais, uma crise de ansiedade e a suspensão do contrato.

"Agora com a pandemia foram necessárias várias adaptações. Inicialmente, fiquei completamente desamparado, tive várias crises de ansiedade, sem saber como seria, e acabei por ficar sem trabalhar mesmo. Sem treinar, perdi um pouco o rumo. Mal tinha pego o ritmo depois da viagem e já tivemos que parar", confessou o profissional. 

Tuca se reergueu depois e começou ministrar aulas on-line por meio de lives do Instagram. O aplicativo é funcional, mas ele sentia a necessidade de observar o movimento de seus alunos. Foi então que ele optou pelo Zoom, plataforma utilizada para reuniões e aulas on-line. "Montei uma programação inicialmente de 15 dias. Mas seguimos de segunda a sábado, pontualmente às 19h...Nunca quis cobrar porque sei que assim como eu, todos estão passando por um aperto danado com relação a grana. E normalmente quando se faz isso, cobrar, as pessoas tendem a ter outras prioridades para o dinheiro que não é o treinamento, a saúde", comentou.

Ainda assim ele recebeu a sugestão de continuar com as aulas e abrir um evento em um site para quem quiser ajudar contribuindo com doações. É possível assistir às aulas de gratuitamente ou realizar doações nos valores entre R$ 10,00 e 50,00, com a opção de parcelar em até 10 vezes. 

"Confesso que eu estou amando dar essas aulas! Para mim se mostrou uma ferramenta completamente útil no tocante a alcançar pessoas que não podem sair de casa, ou futuramente não possam pagar uma academia ou personal. Pra um dia de chuva e a pessoa não possa treinar na praia. Eu estou impressionado e gostaria de continuar muito", observou.

Busca por consultoria esportiva

Sílvia Torres também precisou adaptar sua rotina de trabalho. Antes do surgimento da covid-19, ela acompanhava seus alunos em aulas presenciais e oferecia consultoria esportiva como corrida de rua. Ele revelou que teve redução de 25% dos alunos por conta do novo cenário no País. 

"Antes eu dava aulas presenciais e prestava consultoria esportiva. Hoje tive uma redução de 25% dos alunos presenciais, alguns continuam pois já treinavam em casa, sendo que aumentou o tempo presencial devido aos protocolos de higienização desde a minha chegada e durante os exercícios", comentou a profissional.

Sílvia observou que, por conta do isolamento social, as pessoas se interessaram em aulas e consultorias on-line em relação aos esportes. "Houve uma maior procura nas consultorias esportivas devido a situação atual de pandemia, onde todos se apresentam motivados e se adaptando bem! Nesse caso uma vez por semana ou quando necessário entro on-line para esclarecer ou retirar dúvidas", relatou.


"Usar a criatividade e se reinventar"

Já Patrícia Santos é coordenadora técnica de uma academia do Recife e vem transformando sua rotina com as aulas on-line. Ela destacou que nesse momento é fundamental se reinventar e usar a criatividade. O exercício diário é sair da zona de conforto.

"Minha rotina antes da pandemia era muito puxada. Eu começa a trabalhar às 6h e seguia até 21h. Hoje estou em casa parada. E para a gente que trabalha com pessoas, com movimento, é algo que choca. Tenho me adaptado a nova realidade. Sei que vai passar, mas não é uma tarefa fácil. É sair da zona de conforto e usar mais a criatividade. É a gente se adaptar e se voltar mais para o aluno. Não é uma realidade fácil. Não estamos em uma academia, onde se tem os aparelhos e equipamentos necessários. Tem que improvisar em muitas coisas. Tem que se reinventar. Para o aluno é importante ir para a academia, ter o contato. Algumas pessoas não se adaptaram, outras pessoas sim e só deram continuidade. Somos agentes motivadores dessas pessoas. Somos importantes no sentido de garantir a manutenção da saúde física e principalmente da saúde mental", concluiu.

 

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